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Corpo do cirurgião Ivo Pitanguy é velado no Rio de Janeiro

Médico e professor morreu vítima de uma parada cardíaca no último sábado, aos 93 anos

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Foi velado na tarde deste domingo (7) o corpo do cirurgião plástico Ivo Pitanguy. A cerimônia aconteceu no cemitério Memorial do Carmo, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O cirurgião, de 93 anos, faleceu em casa na noite do último sábado (6), vítima de uma parada cardíaca.

Parente, amigos e autoridades foram se despedir de Pitanguy e prestar solidariedade aos familiares. Além da presença, muitas coroas de flores foram entregues, com mensagens de carinho à família.

O governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, foi um dos presentes, e lamentou a morte de Pitanguy, dizendo que junto dele, o "Rio de Janeiro também morreu um pouco" neste sábado.

"O Rio de Janeiro morre um pouco junto ao Pitanguy. Foi uma das pessoas mais fantásticas tanto no âmbito profissional como no âmbito humano. Foi uma pessoa fantástica. Fez um trabalho sensacional na Santa Casa do Rio de Janeiro. Ele foi uma pessoa que pensava apenas em construir. Ele só transmitia grandeza. Dessa forma o Rio de Janeiro morre um pouco junto ao Pitanguy", lamentou o governador.

A escritora e secretária-geral da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon, classificou o cirurgião como um homem que exalava brasilidade e que sempre amou o Brasil.

"O Pitanguy conseguiu combinar esse talento ímpar com generosidade, é um homem que semeou bondade, cuidados com o  corpo. Era um  ser humano de grande brasilidade porque ele poderia ter vivido no exterior. Ele amou o Brasil como poucos e deixou uma semente forte e pródiga. Um exemplo para os jovens de hoje ter uma pessoa com um fundamento como ele é extraordinário. Se o Brasil tivesse um panteão, hoje ele estaria sendo conduzido a ele", disse.

Amigo de Pitanguy e companheiro de profissão, o médico titular da Academia Nacional de Medicina, Carlos Giesta, lamentou a morte do colega, e lembrou que Ivo Pitanguy teve sua obra e sua genialidade reconhecida no mundo inteiro, e disse que a medicina brasileira empobreceu após a morte do cirurgião.

"É uma perda enorme, uma perda que será impossível de repor com alguém que tenha a capacidade dele e até mesmo a projeção internacional dele. Pitanguy foi um homem além das fronteiras do nosso país. Eu sou testemunha que não houve um lugar no mundo em que eu estive, que, quando souberam que eu era médico, me perguntavam se eu conhecia o Ivo Pitanguy. Isso passa bem a ideia de quem ele foi. Um homem excepcional que ia além do campo médico. Ele era além da geração dele, ele se modernizou, sempre buscou novos conhecimentos ao longo de toda sua vida", lembrou o médico.

Família emocionada e continuação do legado

A filha do cirurgião, Gisela Pitanguy conversou com os jornalistas presentes e exaltou a memória do pai. Gisela comentou também que o legado da cirurgia plástica terá continuidade na família através de seu filho, Antonio Paulo.

"São muitas mensagens que ele deixa. A grande contribuição dele é o olhar com o paciente, como um ser humano, não importava o tamanho da dor. O trabalho continua. O meu filho Antônio Paulo está no segundo ano da pós-graduação e dará essa continuidade. Meu pai estava escrevendo um livro que está previsto para ser lançado no final de agosto", comentou.

O filho Helcius Pitanguy lembrou que o pai viveu todos os momentos de sua vida intensamente, e que, na última sexta-feira (5), tentou convencer o filho a levá-lo na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Pitanguy foi um dos escolhidos pelo Comitê Organizador dos Jogos para conduzir a tocha olímpica.

"O meu pai, em setembro, quando voltamos da Europa, passou muito mal. Seus rins pararam e nós tivemos uma viagem muito difícil. E desde setembro ele tem lutado muito para viver, fazendo hemodiálise e batalhando contra infecções. E ele lutou até o último momento, conseguiu carregar a tocha olímpica e pediu para ir comigo ao Maracanã assistir à cerimônia de abertura. Ele cultivou o amor pela vida até o último suspiro. Meu pai é uma pessoa eterna. Ele deixa um exemplo de vida para nós todos", exaltou Helcius.

O neto, Antônio Paulo, médico e estudante do segundo ano de pós-graduação em cirurgia plástica, destacou que a morte do avô é uma perda enorme para a medicina brasileira.

"Uma perda pessoal afetiva gigante, e uma perda para o campo da cirurgia plástica inexplicável. Ele abriu as portas para todos nós e deixou um exemplo de dedicação, humildade, e amor à profissão. Sua historia vai continuar após a sua morte. Eu tenho certeza que meu avô será sempre lembrado com muito carinho", disse.

Ivo Pitanguy Filho falou um pouco sobre como foi o momento da passagem do pai, exaltou o amor do cirurgião pela vida, e disse que o pai lutou por ela até o último suspiro.

"Papai faleceu de forma serena, sem dor, e da maneira que ele queria, em casa. Ele foi um homem que viveu muito intensamente a vida. Viveu todos os seus dias e seus momentos de maneira plena. Teve uma vida intensa em todos os aspectos, no seu aspecto médico, no aspecto intelectual. Eu digo que ele é imortal não apenas por ser membro da Academia Brasileira de Letras, mas porque ele vivia intensamente, amava a vida e viveu tudo o que tinha para viver", comentou.

Outro filho de Pitanguy que também conversou com os jornalistas foi o artista plástico Bernardo, que se emocionou ao lembrar do momento em que o pai disse ter orgulho das obras criadas por ele.

"Como artista plástico, a arte sempre vem de uma fonte, e eu acho importante que a minha fonte seja meu pai. Ele tinha em seus defeitos, a qualidade de tornarem humano, mas no caso dele, as qualidades o tornaram divino. Há pouco tempo, ele me disse que admirava minha obra, minhas pinturas, e isso me fez ter orgulho de dar continuidade ao nome dele em outro âmbito, sem ser na medicina. Meu pai deixou muito para nós, ele tocou o coração de muita gente", comentou emocionado.

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