ASSINE
search button

Servidores e pacientes protestam contra a crise na saúde do Rio

Manifestação foi realizada nesta quarta-feira no Hospital Getúlio Vargas

Compartilhar

Funcionários do Hospital Getúlio Vargas, na Penha Circular, no Rio, fizeram protesto na manhã desta quarta-feira (23/12) contra a crise da saúde no Rio de Janeiro. Médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal administrativo, que trabalham na unidade, reivindicaram o pagamento de salários, inclusive o 13º, e denunciaram a falta de insumos e medicamentos para o atendimento da população. Os pacientes que procuraram a unidade, que está parcialmente fechada, se juntaram à manifestação.

A dona de casa Marilda Dias Lettra saiu de casa no bairro de Colégio, com a filha Daniele Dias, e o neto de 6 anos, que havia caído e fraturado o braço. Os três já haviam passado pelo PAM de Irajá e de lá foram direcionados para o Getúlio Vargas. A avó contou que tinha dado analgésicos para o menino suportar as fortes dores. “Essa crise já vem de muito tempo. Aqui eles só atendem se a pessoa estiver morrendo mesmo. Se não conseguir nada,terei de ir para o Salgado Filho, no Méier”, afirmou. Depois de muita insistência, neto de Marilda foi atendido e engessou o braço.

Já o atendente Glaucio Carrilho Tavares teve de procurar atendimento para a filha, um bebê de 8 meses, em outro local.  Glaucio contou que o pai dele, Maurílio das Neves Tavares, de 71 anos, morreu na terça-feira, por falta de atendimento. “Fomos na UPA e o médico disse que ele voltasse para casa porque não poderia fazer nada. Receitou só água de coco. Meu pai piorou, então o levamos, no domingo, para o Hospital Carlos Chagas, onde ele morreu”, lamenta.

A dona de casa Maria das Dores da Conceição também teve de procurar outro hospital para cuidar da perna, que estava muito inchada. “Caí da escada e machuquei minha perna. Está doendo muito, mas não tem outro jeito, vou ter de sair daqui para o PAM de Irajá e não sei se serei atendida lá”.

A diretora do Conselho Regional de enfermagem (Coren), Ana Tereza Ferreira de Souza, criticou o fechamento da emergência do hospital e o fato das pessoas terem de peregrinar em busca de atendimento. Ela lembrou que a categoria representa 70% dos servidores do setor.  “Nesse caos, lutamos para que seja assegurada a assistência mínima e continuada, digna e livre de riscos aos pacientes”, declara. 

A auxiliar de enfermagem, Madalena de Almeida Pereira participou também dos protestos. Ela reclamou do fato de o servidor ter de assinar um pedido de empréstimo para receber a segunda parcela do 13º. “Quem garante que o governo irá pagar? Madalena criticou também o modelo de gestão hospitalar. “O que mais assusta é o que estão fazendo com a população. Repassaram o dinheiro para as OS (Organização Socais) para que elas administrassem os hospitais estaduais e está tudo um caos. O que deu errado? O governo precisa explicar isso.  A Auxiliar de Serviços Gerais, Raquel Moreira Nascimento, disse que os garis foram chamados para substituir o pessoal da limpeza que está sem pagamento. “Meu último pagamento foi em novembro por causa disso só a metade do pessoal vem trabalhar”, conta.

A nutricionista, Cintia Teixeira, do Movimento dos Trabalhadores da Saúde alerta que a crise financeira do estado, que afeta a saúde, coloca em risco a vida dos usuários, com a suspensão de cirurgias de alta e o fechamento de emergências. “Houve um corte de verbas para o setor Faltam insumos e medicamentos. Os funcionários terceirizados estão sem salário e os estatutários só receberam a primeira parcela do 13º”, destacou.

Nesta quarta-feira (23/12), o ministro da Saúde, Marcelo Castro informou que o governo federal criou um gabinete com a participação de representantes dos governos federal, estadual e municipal, para lidar com a grave crise na saúde pública do Rio de Janeiro, que afeta pelo menos 12 hospitais estaduais.