As catástrofes ambientais podem ser ocasionadas por desastres naturais ou pela degradação ambiental de origem antrópica (causada pelo homem). Nos últimos anos no Brasil, inúmeras mortes, perdas econômicas e destruição de moradias e de infraestrutura foram consequências de catástrofes ambientais associadas, sobretudo, aos efeitos do clima e a má conservação do solo e da água. Historicamente, a Região Sudeste vem sofrendo com os deslizamentos de terra associados à erosão de encostas, a enchentes, ao rompimento de barragens de rejeitos de minérios, o que está diretamente associado aos períodos de chuvas nos meses de primavera-verão, além de inúmeros outros relacionados à poluição ambiental. O recente rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais e graves consequências dos deslizamentos de terra na Região Serrana em 2011 podem exemplificar a gravidade destes impactos.
O aumento e a intensidade destas catástrofes se devem, principalmente, pela prática predatória e desordenada de uso e ocupação dos solos urbanos e rurais, que são uma herança do período colonial e continuam sendo praticadas até os dias atuais, não obstante todas as informações e alertas que têm sido constantes por parte da comunidade acadêmica e de inúmeros outros representantes do poder público e da sociedade civil. Desta forma, todos os anos, com a proximidade do período das chuvas concentradas de verão, torna-se necessária a intensificação da adoção de medidas preventivas pela sociedade nas áreas de risco, com o objetivo de suavizar os possíveis e efetivos impactos destas catástrofes anunciadas.
As chuvas de Verão são motivo de preocupação, quando a população deve se preparar para evitar o saldo negativo das tempestades torrenciais. A estação chuvosa é caracterizada por pancadas de chuvas intensas e rápidas, suficientes para ocasionar inundações, deslizamentos e alagamentos. Atualmente o Brasil é o 6º país que mais sofre com catástrofes climáticas, segundo a Organização das Nações Unidas. O histórico de desastres naturais é grande. No réveillon de 2010, 53 pessoas morreram vítimas de deslizamento de terra em várias regiões de Angra do Reis, no Sul Fluminense. Em 2011 morreram mais de 900 pessoas, e mais de 35 mil ficaram desabrigados na Região Serrana do Rio de Janeiro. Em 2013, duas pessoas morreram e mais de 800 foram os desabrigados em Xerém, distrito de Duque de Caxias.
Os deslizamentos em encostas e morros urbanos vêm ocorrendo com frequência alarmante nos últimos anos, devido ao crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de risco. Essa questão traz imediatamente o questionamento sobre quais medidas poderiam ser tomadas para evitar ou prevenir eventos de extensão como as verificadas. O alerta é maior para quem mora em áreas reconhecidamente de risco, como as perto de encostas com potencial para deslocamento de massa e as margens de inundação dos rios. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, Crea-RJ, alerta para medidas de precaução em função do alto risco de ocorrência destas catástrofes, sobretudo, na região serrana do estado e nas áreas de planícies inundáveis com as da baixa fluminense. O Comitê de Sustentabilidade, recentemente criado no Crea-RJ sob a coordenação do engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência do Solo, e atual assessor de Meio Ambiente do CREA, Felipe da Costa Brasil, pretende realizar debates e eventos relacionados ao tema. Segundo Felipe, algumas medidas podem e devem ser tomadas para evitar as piores consequências destes potenciais desastres, sendo as principais:
• Efetivar os programas de monitoramento tanto para as áreas de riscos de catástrofes naturais e de origem humana;
• Estabelecer de forma efetiva o ordenamento do solo urbano e rural com o intuito de evitar a ocupação das áreas de risco como encostas e margens de rios;
• Manter-se em total alerta, e atenção redobrada aos equipamentos de emergência, como sirenes, rádio e aplicativos de celular durante os períodos de chuvas torrenciais, mantendo-se sempre em contato com a Defesa Civil e demais agentes dos poderes público e privado, sobre as possíveis áreas de risco;
• Manter as redes de drenagem de águas pluviais desobstruídas para evitar o encharcamento do solo e ocorrência de alagamentos;
• Não jogar lixo e esgoto sanitário nas encostas e na rede de água pluvial;
• Evitar as práticas predatórias de aração e dragagem do solo no sentido “morro abaixo” nos meses que antecedem o período de chuvas;
• Evacuar as áreas de risco no primeiro sinal vulnerabilidade ou em resposta a solicitação dos órgãos competentes;
• Participar dos treinamentos, simulados e conhecer as praticas de emergência associadas ao ponto de encontro, rotas de fugas e abrigos seguros estabelecidos pelo poder público e privado.