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Onda de violência assusta policiais militares do estado do Rio

Somente esta semana 11 PMs foram baleados. Desses, três morreram

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A onda de violência contra policiais no estado do Rio de Janeiro está tomando proporções cada vez maiores. Os números são alarmantes: somente este ano 115 policiais foram baleados, sendo que apenas 20 estavam em serviço, os outros 85 foram pegos em seus momentos de folga. Os dados ficaram ainda mais assustadores durante esta semana - desde segunda-feira (24) 11 PMs foram baleados. Três deles não resistiram aos ferimentos e morreram, um segue internado em estado grave.

O comandante interino da PMERJ, coronel Íbis Silva Pereira, disse na última quinta-feira (27) que o Brasil tem apostado na "guerra contra o crime", e o resultado são os números assustadores. O coronel disse ainda que superar essas estatísticas não é um trabalho apenas da polícia, mas um compromisso da sociedade brasileira que "deveria se sentir indignada com a situação".

Em contato com a reportagem do JB, um policial que não quis se identificar por medo de retaliação por parte do crime organizado frisou que a população precisa entender que o policial não é um super-herói, e sim uma pessoa comum, como outra qualquer.

“As pessoas precisam ter a consciência de que o policial não é um super-herói, e sim um cidadão comum, que tem amigos, família. O trabalho do policial é dar segurança para a população e isso não é reconhecido. O que mais tem é órgão de direitos humanos querendo manchar a reputação da PM. Agora nós gostaríamos de ver esses órgãos nos defendendo, afinal, também somos humanos. Sempre recebemos notícias de que um companheiro foi assassinado de maneira brutal, e isso não pode continuar”, lamentou o policial.

O soldado fez questão de dizer que a PMERJ proporciona uma boa condição para os oficiais trabalharem, porém ele lembra que os bandidos possuem um poder de fogo que chega a impressionar.

“O batalhão da PM nos dá totais condições de trabalho. Temos profissionais que, assim como eu, são apaixonados por aquilo que fazem e que carregam a polícia correndo nos sangues em suas veias. O que nos assusta é o poder bélico que os marginais possuem. Muitas vezes nos deparamos com armamentos que nós nunca tivemos contato dentro do batalhão”, disse.

Ao ser questionado sobre a que ele atribuía essa onda de violência, o policial diz que acredita ser por vingança.

“Na nossa profissão convivemos com ameaças de vingança diariamente. Às vezes prendemos marginais que têm uma 'frota' de bandidos trabalhando para eles, e os avisos são constantes. Acompanhado desses avisos vêm ameaças até aos nossos familiares. Tenho certeza que esses ataques são motivados por vinganças por parte das facções criminosas”, concluiu o oficial da Polícia Militar.

O sociólogo, especialista em segurança pública e professor da UFRJ, Michel Misse, defendeu a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) nas comunidades, mas frisou que para melhorar a segurança é preciso modernizar a polícia.

“A instalação das UPPs foi algo positivo e que veio para ficar. No caso dessa onda de violência, eu creio que o bandido reage da maneira com que ele é tratado. A polícia é violenta, por isso o bandido ataca. Na ideia dele, ele mata para não morrer. Para melhorar os números seria preciso modernizar todo o sistema policial do país. Acredito até que a desmilitarização da polícia ajuda, despe a polícia desse aspecto militar”, comentou o sociólogo.

Em entrevista coletiva, o governador Luiz Fernando Pezão condenou os ataques e disse que esses atentados provam que o policiamento está sendo feito.

“Esses números nos mostram que a PM está fazendo o patrulhamento nessas áreas, porém esses atentados são inadmissíveis. É preciso aumentar rigorosamente a pena de quem mata policial. Fazer alguma coisa é realmente difícil, muitos desses bandidos nós prendemos, mas não conseguimos deixa-los presos. Eles são confrontados por policiais em uma porta e saem pela outra em liberdade”, lamentou Pezão.

*Do programa de Estágio do Jornal do Brasil