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Hemorio faz ação para tentar suprir as fracas doações de sangue no fim de ano

No Brasil, apenas 2% da população doa sangue; operação pretende atender 1 mil doadores

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Esta terça-feira (25) foi o primeiro dia da ação do Hemorio, que acontecerá também nesta quarta, em função da Semana do Doador Voluntário. Uma estrutura especial de coleta de sangue foi montada na Cinelândia, no Centro do Rio, para receber 500 candidatos à doação em cada um dos dias. Nos dois dias, a ação começa 9h e termina às 17h. O objetivo da campanha é alcançar a marca de mil novos doadores e ampliar os estoques de sangue para as festas de fim de ano. O quadro de doação de sangue no Brasil ainda é complicado: apenas cerca de 2% da população é doadora de sangue, enquanto que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 5% - mais que o dobro da média atual.

De acordo com a diretora geral do Hemorio, Simone Silveira, as doações caem muito durante o período do fim do ano, então a ideia da ação é tentar suprir essa necessidade. “Durante o período que vai de dezembro até após o Carnaval, historicamente registramos uma queda no volume de comparecimentos que podem chegar até 70%, justamente quando há uma grande demanda por sangue nos 200 hospitais atendidos pelo Hemorio. Por isso é importante que a população se mobilize para que tenhamos estoque suficiente para suprir as festas de final de ano”, explica.

Em 2013, de acordo com os indicadores do Hemorio, a meta de bolsas de sangue coletadas pela rede pública do Rio era de 347 mil bolsas, mas foram doadas apenas 172 mil. O número inclusive vem caindo nos últimos anos: em 2012 foram 177 mil e em 2011 foram 189 mil. Ainda no estado, a maioria dos doadores são homens: em 2013, eles foram 66% dos doadores. Apesar disso, desde 2007 as mulheres vem ultrapassando a meta de 30% esperada pelo Hemorio: em 2013, elas foram 33% dos doaores.

A ação conta ainda com artistas de rua, que ficarão concentrados em pontos de grande circulação de pessoas próximos à Cinelândia.  Contudo, ao invés das tradicionais caixas de contribuição, os artistas terão placas onde se poderá ler outro tipo de apelo: “Quer mesmo ajudar? Doe sangue! Quem doa dá show!”. Além dos artistas, na quarta-feira, segundo dia em que a estrutura estará montada, a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro fará uma apresentação ao meio dia.

Mas não serão só os artistas que lembrarão às pessoas da importância e da necessidade de doar sangue: muita gente que estava transitando pelo Centro do Rio hoje foi abordada em um convite nada convencional para fortalecer a corrente da campanha. Voluntários espalhados pelo Rio distribuíram balões no formato de bolsas de sangue e levaram as pessoas que aceitaram doar sangue até a tenda na Cinelândia. Na quarta, os voluntários estarão novamente circulando pelo Centro para tentar conscientizar mais doadores.

Ainda em função da Semana do Doador Voluntário, o Hemorio irá organizar palestras e eventos até o dia 29 de novembro, com foco no público jovem. A ideia é formar de forma consciente uma nova geração mais engajada com a doação de sangue. Na programação, estão ainda apresentação de corais, apresentações musicais e homenagem aos destaques do ano.

Quem pode doar sangue?

Muita gente ainda fica na dúvida sobre se pode ou não doar, ou se é ou não seguro doar sangue. De acordo com as informações da Fundação Pró-sangue do Hemocentro de São Paulo, só não pode doar sangue que tiver idade inferior a 16 anos ou superior a 69 anos; tiver peso inferior a 50 kg; estiver em anemia detectada em um teste que é realizado antes da doação; estiver com hipertensão ou hipotensão arterial no momento da doação; estiver apresentando aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos no momento da doação; estiver com febre no dia da doação; estiver grávida ou amamentando no período de 12 meses após o parto.

Quem teve hepatite após os 10 anos de idade, é soro-positivo, já teve malária, tem doença de chagas ou já teve hanseníase também está fora do grupo que pode dor sangue. Além disso, alguns tipos de câncer, como a leucemia também inviabilizam que a pessoa doe sangue pelo resto da vida.

Sobre a ideia de integrar grupos de risco, a Fundação Pró-sangue explica que o termo mais correto atualmente seria “comportamento de risco”, que compreenderia um comportamento do indivíduo que o deixaria mais exposto ao risco de adquirir doenças ou infecções. São impedidas de doar as pessoas que, nos últimos 12 meses, tiveram contato sexual com alguma pessoa soro-positiva ou com hepatite, sofreram algum acidente se contaminando com sangue de outra pessoa, tiveram sífilis ou gonorréia, fizeram piercings ou tatuagens.

Existem ainda restrições de prazos mais curtos, como pacientes que se curaram de caxumba e catapora – que só podem doar sangue após três semanas. Quem teve conjuntivite, sintomas de gripe ou resfriado, ou fez implantes e extrações dentárias, deverá esperar uma semana para efetuar a doação.

Antes de doar

Ao contrário do que muita gente imagina, não é necessário estar em jejum antes de realizar a doação. O que se orienta é que sejam evitados os alimentos gordurosos nas três horas que antecedem o ato. No Rio, o Hemorio funciona todos os dias, das 7h às 18h, incluindo sábados, domingos e feriados no Centro do Rio. A unidade é responsável por abastecer com sangue e derivados cerca de 200 unidades de saúde conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e tem capacidade para receber o dobro de doações que recebe no momento.

*Do programa de estágio do JB