Liane, Karine, Fernando, Luciane, Ana Vitória, Elza, Rosângela. Em comum, essas pessoas tem duas coisas: passam constantemente pela estação de trem do Maracanã e usaram a palavra “horrível” para expressar o que acham de o local não ter bancos para os usuários sentarem. Inaugurada em julho de 2014, depois de mais um ano para ser construída, a estação ficou, na opinião dos usuários, muito melhor do que antes. Com exceção de que não há lugar para sentar e esperar os trens - que passam, muitas vezes, depois de longos intervalos.
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Rebeca Ferreira, que estuda na Uerj, sai diariamente de Campo Grande e para no Maracanã. Antes da inauguração da estação, ela saía na estação Mangueira, que acha mais próxima da entrada da Uerj, com um caminho menos deserto e perigoso. Ela aprovou a obra porque o caminho ficou mais fácil, agora pode descer na estação Maracanã, que ficou mais próxima da universidade, integrada com o Metrô. Mas reclama da falta de bancos. “Acho péssimo não ter banquinhos. As senhoras e deficientes ou pessoas muito cansadas (como eu) querem sentar e não podem. Como o trem sempre demora seria bom se tivesse, no mínimo alguns banquinhos”, diz ela, completando, revoltada: “A SuperVia é uma vergonha. Só recorro a esse pesadelo porque realmente não tem uma opção.”
Karina Silva mora próximo ao Maracanã e diz que usa o trem quando precisa ir para o Centro, o que não acontece diariamente, mas quando acontece acaba sendo um transtorno. “Tenho uma filhinha pequena e tenho que ficar esperando em pé ou sentar nas pilastras. E ainda tenho que enfrentar um empurra-empurra com uma criança no colo”, critica ela.
Em visita à estação, foi constatado também que um dos elevadores não estava funcionando, fazendo Teresa Batista ter que descer a estação de escada, com uma bolsa e um bebê de colo. Para ela, “se o intervalo dos trens fosse menor, não teria problema de esperar, mas os trens demoram.” Por isso ela vê com bons olhos instalação de bancos.
Liane Aparecida sai de Saracuruna para o Maracanã. Ela diz que fora do horário de pico, os trens funcionam bem, quando ela sai de casa por exemplo, na parte da tarde. Porém, na hora de voltar para casa, às 19h30, o trem fica lotado. “A espera é grande e chega a durar 25, 45 minutos, dependendo do horário que você está esperando os trens. Os bancos são importantes. Imagina você fica 45 minutos em pé?”, comenta ela.
Fernando Andrade sai de Queimados para o Maracanã ou para o Centro diariamente. Ele disse que acaba sentando nas pilastras, mas que não é o ideal. “Seria bom se tivessem cadeiras. Mas o maior problema é a superlotação. E o Metrô é a mesma coisa. Hoje em dia está pior que o trem. Quando salto na Central para Botafogo, por volta das sete, é impossível. Saindo de Queimados, o pior horário é às 5h da manhã”.
Luciane Silva, Elza de Lima, Rosângela Firmino não deixaram de elogiar a transferência da estação e a reforma e disseram que “só faltam os banquinhos”. “Não é possível que não vão colocar um banco para a gente sentar. Eu, de idade, tendo que ficar em pé”, disse Luciane.
Rosangela completa: "Tanto os idosos quanto quem chega do trabalho cansado merece sentar para esperar seu transporte”. Ana Vitória opina que, além dos bancos, cada estação tem um problema diferente. “Aqui na Maracanã é bom, mas em São Cristóvão, o vão entre o trem a plataforma é muito grande e perigoso”.
Marco André de Azevedo, que estava com o pé machucado e usava a ajuda de uma bengala para se locomover, disse que evita pegar trem nos horários de pico, "porque é impossível". Sobre o problema na estação, ele diz que é claro que gostaria de bancos, e vai além:
“É um problema de planejamento. As obras são maquiagens cada vez mais frequentes. Nosso país tem esse ranço do coronelismo, onde os governos não têm continuidade, só se pensa no imediatismo, é difícil pensar em qualquer obra a longo prazo”, diz ele, referindo-se à nova estação do Maracanã, feita em clima de Copa.
Sobre os problemas da SuperVia, ele diz que uma das coisas que incomoda é a falta de banheiros. Apenas algumas estações tem banheiro: Deodoro, Cascadura, Madureira, Engenho de Dentro, Maracanã e Central. Para Marco, “claramente deveria ter banheiro em todas as estações”.
A Supervia informou que os bancos já foram comprados e serão instalados até o final do mês de outubro.
*Do programa de Estágio do JB