A delegada Tatiana Ribeiro, da Delegacia Fazendária (Delfaz) do Rio de Janeiro, pediu nesta terça-feira (26/8) a colaboração do presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippo (PMDB) nas investigações das empresas Space 2000 e SCMM, que prestam serviços terceirizados à Casa Legislativa. A delegada intimou Felippo a prestar depoimento na condição de testemunha e instaurou inquérito para apurar o crime de fraude em licitações na Câmera Municipal.
No dia 12 de agosto, o Jornal do Brasil publicou em primeira mão que o vereador Jefferson Moura (Psol-RJ) havia dado entrada em um requerimento pedindo à Câmara informações sobre as duas empresas, após ser informado sobre os contratos com indícios de irregularidades. Responsáveis pelas empresas envolvidas e o fiscalizador dos contratos também serão ouvidos pela Desfaz.
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Os documentos elaborados por Moura informam que a Space 2000 presta, atualmente, serviços terceirizados de limpeza para a Câmara. No entanto, foi encontrado um segundo contrato entre a Casa e a empresa, através da Rio TV Câmara, para a área de produção jornalística. Pelos números apresentados pelo vereador, a Space 2000 receberá cerca de R$ 4,4 milhões pelos 12 meses contratados a contar de outubro de 2013, para os serviços de limpeza, substituindo a empresa SCMM, doadora da campanha do ex-secretário de Desenvolvimento Social , Rodrigo Bethem (PMDB). A SCMM, ainda com base nos documentos, pode ter ligação com a Locanty Comércio e Serviços Ltda, denunciada no ano de 2012 por oferecer propinas para ganhar licitações na área da saúde e financiar campanhas do PMDB no Rio.
O relatório feito pelo vereador cita ainda que a SCMM e a SPACE 2000, conforme diversos processos trabalhistas, pertencem ao mesmo grupo. Nesses processos trabalhistas foram encontrados os nomes do empresários João Alberto Felippo Barreto e Pedro Ernesto Barreto, sócios da Locanty. Fundada em 1995, a SCMM oficializou como seus sócios João e Pedro em setembro de 2010.
A Space 2000 foi contratada pela Casa em maio deste ano, em caráter emergencial e por um período de seis meses, para prestar serviço de limpeza. O valor do contrato é de R$ 4.499.272,86. A empresa que fazia o serviço, a Gaviões da Cidade, interrompeu as suas atividades na casa legislativa alegando problemas no cumprimento de contrato e estava pagando os seus funcionários com atraso. Segundo o vereador, a Space foi contratada em seu lugar, mas também vem apresentando problema como a falta de pagamento dos funcionários. Pela contabilidade feita pelo parlamentar totalizando o faturamento da Space 2000 na Câmara, em um ano e meio de serviços contratados pela casa municipal a empresa deve receber R$ 8,9 milhões.
Pelas investigações de Moura, o CNPJ da Space 2000 habilita a empresa para o serviço de limpeza em prédios e em domicílios, além de aluguel de máquinas e equipamentos comerciais. Mas no segundo contrato com a Câmara do Rio, a Space assume a responsabilidade de serviços de produção, reportagem, edição, programação e manutenção jornalística para a TV Câmara. O contrato é para o período de 12 meses e a Space 2000 receberá R$4.405.314,20.