O titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) do Rio, Alexandre Capote, disse nesta segunda-feira que o jogador do Flamengo Luiz Antonio será chamado para prestar esclarecimentos sobre um possível envolvimento com milicianos. Em entrevista ao "Fantástico", um ex-integrante da milícia que atua na Zona Oeste revelou que um jogador de futebol frequentava churrascos realizados nos fins de semana pelos líderes da quadrilha. Segundo o delegado Alexandre Capote, esse jogador seria Luiz Antonio. O Flamengo informou que vai esperar pela conclusão da investigação para se pronunciar.
A polícia disse que Luiz Antonio teria dado um carro de luxo a um dos chefes da milícia. Após o presente, ele teria registrado o roubo do veículo em uma delegacia para poder receber o dinheiro de seguro. Segundo os investigadores, o jogador teria cometido estelionato. O delegado informou que já foi instaurada uma investigação.
Na última quinta-feira, a polícia desarticulou grande parte da maior milícia do Rio. O lucro da quadrilha, que extorquia moradores de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, era de mais de R$ 1 milhão por mês.
Vinte e uma pessoas foram presas, sendo 19 dos 27 mandados de prisão expedidos, uma prisão em flagrante e outra por cumprimento de mandado de prisão expedido em 2009. Foram apreendidos seis carros, uma moto, seis pistolas, uma carabina e R$ 7.852 em dinheiro.
De acordo com o delegado Alexandre Capote, o controle do grupo se estendia a 1.600 unidades habitacionais, atingindo cerca de 5 mil pessoas. A quadrilha obrigava os moradores a pagar por segurança, taxa extra de luz, televisão a cabo clandestina e cestas básicas (vendidas pelo triplo do preço de mercado). Aqueles que se negavam a pagar à quadrilha eram expulsos do condomínio. Os imóveis das pessoas expulsas eram alugados ou vendidos.
“Os síndicos desses condomínios foram cooptados e, a partir dessa cooptação, eles conseguiram extorquir, expulsar e assassinar moradores com o fim de revender esses imóveis conquistados por aquelas pessoas”, disse Capote.
Segundo a polícia, os moradores expulsos continuavam a pagar à Caixa Econômica Federal, mas não podiam voltar para seus apartamentos. Aqueles que tentavam recuperar os pertences deixados no imóvel eram espancados ou até mortos. As pessoas que compravam os apartamentos tomados pela milícia não tinham nenhum documento oficial de propriedade. A Caixa Econômica Federal, responsável pelos financiamentos dos imóveis, não quis comentar o caso.