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Mãe de DG recebe novas ameaças pela internet:"Algozes do meu filho continuam lá"

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A mãe do dançarino Douglas Rafael, o DG, Maria de Fátima da Silva, afirmou nesta terça-feira (29) que está sendo intimidada através da sua página do Facebook. Segundo Maria de Fátima, o seu perfil foi invadido e foram postadas fotos de policiais fardados com os rostos cobertos por faixas com dizeres ofensivos sobre Douglas. Ainda nesta terça (29), testemunhas que afirmam ter presenciado o momento em que o dançarino foi baleado na comunidade do Pavão-Pavãozinho, na zona Sul do Rio, também entregaram à Maria de Fátima novas fotos de DG ferido na creche onde o seu corpo foi encontrado pelos policiais. 

"Por essas novas fotos que eu recebi hoje de uma pessoa que viu o crime acontecendo dá para notar que o meu filho estava muito mais ferido e tinha muito mais sangue do que foi mostrado na perícia. Eles [policiais da UPP] devem ter lavado o corpo do DG antes dos peritos chegarem na creche. Ele estava com duas perfurações, uma em cada pulso, parecido com marcas de tiros. O joelho muito arrebentado e várias outras escoriações enormes. Meu filho foi torturado", disse Maria de Fátima. 

Nesta segunda-feira (28), a mãe do dançarino procurou a 13a. DP (Ipanema) para fazer o registro de uma outra ameaça que recebeu horas antes de acontecer a missa de sétimo dia em homenagem a Douglas, morto na terça-feira passada (22). Segundo ela, um homem apontou uma arma em sua direção de dentro de um carro, enquanto ela estava caminhando pela Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona Sul da cidade. "Eu só consegui ver o braço dele, tem uma tatuagem de um dragão, e vi também os olhos, porque o vidro escuro do carro não deixou ver o rosto inteiro. Ele disse que se eu não me calar, vão me calar", afirmou Maria de Fátima.         

Com a ajuda de amigos especialistas em redes sociais, Maria de Fátima fez uma pesquisa na internet e ela afirma que conseguiu relacionar uma das postagens feitas na sua página do Facebook com um outro perfil de um suposto policial militar lotado na UPP da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona Oeste do Rio de Janeiro. "Seguindo as postagens agressivas no meu Facebook, chegamos a outra página usada por um PM da Cidade de Deus. Ele usa o perfil da sua esposa para fazer comentários agressivos sobre o Douglas, chamando o meu filho de bandido e vagabundo. Espero que a polícia faça rapidamente uma investigação desse novo fato, porque quando eu vi a foto desse policial no Facebook, achei muito parecido com o homem que me ameaçou com o revólver", afirmou Fátima, que pretende procurar a polícia para fazer um novo registro sobre as postagens nas redes sociais.

Maria de Fátima disse que está recebendo muitas mensagens de apoio dos moradores do Pavão-Pavãozinho, mas sente que as pessoas estão com muito medo de contar o que sabem sobre a morte do dançarino. "Os policiais que participaram da morte do meu filho continuam trabalhando na comunidade e intimidando os moradores. As pessoas estão apavoradas, vão para casa assim que escurece e não saem mais com medo de mais uma morte. Até para as investigações seguirem um rumo certo, o governo tinha que tomar uma providência sensata e retirar esses policiais de lá [da UPP do Pavão-Pavãozinho], porque para os próprios amigos do Douglas é difícil todos os dias olhar para os algozes do meu filho. Esse é um apelo de mãe que ainda não foi atendido pelas autoridades", disse Fátima.

A delegada Elisa Borboni, da 13a. DP (Ipanema), responsável pelo caso, confirmou ao Jornal do Brasil que existe uma investigação das denuncias feitas pela mãe do dançarino quanto as postagens nas redes sociais. Assim como a possibilidade de um PM da Cidade de Deus estar envolvido com essas ameaças. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) afirmou em nota que "a denúncia feita não é verdadeira". Segundo o comando da UPP Pavão-Pavãozinho/Cantagalo os policiais que participaram da troca de tiros com bandidos na noite em que o Douglas morreu não voltaram mais para a comunidade. "Eles estão prestando serviços administrativos na Coordenadoria de Polícia Pacificadora", esclarece o comunicado.