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Paes chama greve dos garis de motim e envolvidos no movimento de marginais

Prefeito fez ameaças falando em prisões

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em entrevista à Globo News no início da tarde deste sábado (8), desqualificou o movimento grevista dos garis, se referindo aos integrantes do movimento como marginais, que estão sujando a imagem dos trabalhadores e da Comlurb, "orgulho dos cariocas". Questionado sobre a responsabilidade da Prefeitura em oferecer um plano de contingência para solucionar o lixo que toma conta da cidade e ameaça a saúde pública e ainda atender às reivindicações dos trabalhadores, Paes não explicou como seria este plano, preferindo afirmar que se trata de um problema político-sindical. 

Apesar do movimento grevista já ter deixado claro várias vezes a pauta de reivindicações, o prefeito insistiu em afirmar que não há negociação porque não recebeu ainda a pauta, e que segundo a lei só pode negociar com o sindicato. Os trabalhadores, no entanto, denunciam a falta de representatividade do sindicato, e reclamam que se alguma negociação foi realizada, foi feita sem os consultar. 

"Você não tem uma greve, você tem um motim", declarou o prefeito. "O problema deles é com o sindicato". O prefeito reclama que, em uma situação de "greve normal", deveria ter sido avisado com 72 horas de antecedência, e que os serviços essenciais deveriam ter sido mantidos, como a coleta de lixo domiciliar. "Nenhuma outra categoria faz uma greve sem manter os serviços essenciais."

Para o prefeito, gari que é gari não faz paralisação em pleno Carnaval. A solução para o problema, acredita, não está ao alcance da Prefeitura e da Comlurb, mas dos grevistas e do sindicato. Reforçou ainda que o movimento grevista conta apenas com uma minoria. Contudo, só na sexta-feira (7), uma passeata de garis reuniu mil pessoas no Centro. Além disso, a quantidade de lixo que se acumula nas ruas torna difícil acreditar que apenas um grupo pequeno não está participando da coleta. 

"Você tem uma coação, uma tática de guerrilha. Isso não é um movimento normal. É uma turma muito esquisita, coagindo os garis a não trabalharem", declarou, se referindo a supostas ameaças a garis que querem trabalhar. O prefeito prosseguiu afirmando que, se a paralisação continuar, podem acontecer prisões para conter o "movimento marginal". 

A luta dos garis por melhores condições de vida e trabalho, para o prefeito, é uma luta política, que manipula os trabalhadores, um movimento chantagista. "Gari é a categoria que eu mais gosto na prefeitura. Acho que ele tinha que ganhar muito mais, mas tem um limite de negociação. Primeiro que eles não têm nem uma pauta." 

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Questionado se não é preciso repensar o modelo da Comlurb, sem entrar no mérito se é motim ou se é greve, Paes ressaltou que isso deveria servir para chamar a atenção dos garis, para ver o que "esses caras estão conseguindo". "Por mim eu pagava cinco vezes mais ao gari, mas você tem um limite." 

Sobre a possibilidade de ocorrer novas greves durantes os grandes eventos, Paes se disse despreocupado, ressaltando que nenhuma Copa ou Olimpíada gera tanto lixo nas ruas como o Carnaval. Aproveitou também para enfatizar que a Comlurb vai continuar como empresa pública, como se a questão da greve fosse apenas esta, com o objetivo de "queimar a imagem" da Comlurb e dos garis. 

"A gente vai continuar agindo. Passar a não só demitir, mas a prender marginais. É uma situação inusitada, pessoas que limpam a cidade estão sendo ameaçadas. Greve não é o problema".