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Jovem que teve reunião 'mandrake' com Cabral é acusado de roubo

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Além das primeiras bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo lançadas na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde a onda de protestos em todo o Brasil, o ato em que a PM dispersou cerca de 250 manifestantes que atuavam na rua onde mora o governador Sérgio Cabral, na noite desta quinta-feira, produziu outro episódio ainda sombrio para quem procura entender quem são as lideranças e a pauta de reivindicações. 

Eduardo Oliveira, jovem cuja profissão nunca revelou, e que se disse representante do grupo “Ocupa Cabral” na reunião junto ao mandatário fluminense, foi acusado de roubo por um estudante após a confusão.

Por volta de 22h40, a PM reprimiu com força o protesto que já durava cerca de quatro horas. Manifestantes, com gritos de “vamos invadir”, se apertaram em frente ao cordão de militares montados na esquina da rua Aristides Espínola com a avenida Delfim Moreira, quarteirão nobre do bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio, quando houve a reação. Os ativistas correram em fuga e nesse meio tempo, um estudante que não quis se identificar, representado pelos pais, acusa Eduardo Oliveira de roubar sua máquina fotográfica e de ameaçá-lo.

Quando os seis manifestantes detidos no ato chegavam à 14ª DP (Leblon) para serem fichados, Mônica Moura, mãe do jovem supostamente assaltado, chegou ao local para fazer a ocorrência, ao lado do marido e de um tio do jovem. “Ele ameaçou meu filho de morte. Ele está identificado, ele é um ladrão”, disse Mônica, ciente dos fatos após o filho identificar o jovem por meio de foto fornecida por um membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, presente na delegacia.

O advogado Raul Lins e Silva, representando a família na ocasião, afirmou que Eduardo Oliveira “sempre foi um agente infiltrado dentro do grupo”, e que “baseado neste reconhecimento por parte do jovem, vou pedir ao delegado para que ele seja chamado para depor”.

Eduardo Oliveira, junto com um amigo, sempre de acordo com o depoimento do estudante que não quis se identificar, estaria na garupa de uma moto no momento em que a PM dispersava o ato no Leblon. Munido de uma câmera, como fotógrafo amador, o jovem teria sido abordado e ameaçado antes de ter o equipamento eletrônico, com as imagens registradas, roubado.

Tão logo teve conhecimento dos fatos, a reportagem do Terra entrou em contato com Eduardo Oliveira em seu telefone celular, desligado até o momento da publicação desta reportagem.

No dia 27 de junho, Eduardo Oliveira se reuniu com o governador Sérgio Cabral no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, e, sem permitir perguntas aos jornalistas, informou aos presentes : “pedimos um controle das manifestações e segurança, pois as pessoas não estão se sentindo seguras para se manifestar".  

A questão é que, de acordo com as pessoas que, de fato, permaneceram acampadas no local, o jovem não os representava e a pauta de exigências ainda não estava definida para ser apresentada. Eles o acusam de ser um agente infiltrado para promover desordem no grupo. Reconhecido por manifestantes no ato desta quinta-feira, Eduardo foi bastante hostilizado e foi salvo por um PM que o trouxe para dentro do cerco antes que fosse agredido.