ASSINE
search button

Dom Orani diz que novo papa pode trazer mais fiéis à JMJ 2013

Arcebispo acredita que participantes podem ter problemas com a logística de transporte

Compartilhar

O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, disse na tarde desta quarta-feira (13) que a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Begoglio pode trazer mais fiéis à Jornada Mundial da Juventude, que acontece em julho deste ano. Com isso, acredita o arcebispo, a logística de transporte pode dificultar a vida dos participantes.

"Haverá um pouco de dificuldades porque o número de voos e ônibus para o Rio são limitados e grande parte está lotada. Creio que não tenha como aumentar muito", afirmou Dom Orani.

Maior interesse e visita a Roma

O evento, que deve atrair milhões de católicos de todo o mundo, será o primeiro grande encontro do novo papa Francisco I. Segundo Dom Orani, o fato de um argentino ser o novo líder da Igreja deve atrair maior interesse, especialmente de nossos vizinhos, para conhecê-lo: 

"A jornada acontece normalmente em qualquer tipo de situação. Ao ser eleito um latino-americano, nos faz ver que haverá um interesse maior em conhecer o papa. Esse é o grande evento programado para o papa Francisco neste ano", considerou o arcebispo.

Ele ainda adiantou que a organização da Jornada irá a Roma para conhecer o papa Francisco e verificar o que ele gostaria de fazer além do que já está previsto.

Conclave e desafios

Em relação ao conclave, Dom Orani analisou que sua duração esteve dentro da duração que tem sido verificada "nos últimos tempos" e descartou que a escolha para o novo papa tenha um caráter de disputa política. Para ele, é um "bom sinal" que, em três dias, os cardeais tenham acordado para escolher o papa Francisco.

Além disso, o arcebispo demonstrou confiança de que o novo pontíficie conseguirá levar com desenvoltura a Igreja, que passa por um momento delicado após denúncias de escândalos de lavagem de dinheiro e crimes sexuais. 

"Acredito que ele tem todo o trabalho de espiritualidade para levar à frente (a Igreja). Ao mesmo tempo, já há todas as legislações feitas pelo papa emérito Bento XVI, que respondeu com muita clareza para tratar dessas questões", analisou.

Tino administrativo

Para a teóloga e professora do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio e articulista do Jornal do Brasil, Maria Clara Bingemer, o fato de o cardeal argentino ter recebido muitos votos na última escolha do papa, em 2005, demonstra que Jorge Mario Begoglio já era uma figura cogitada para o cargo. 

"A Cúria está com problemas administrativos sérios. Era preciso alguém que, além do carisma pastoral, tivesse desembaraço administrativo. Ele é um homem discreto, muito simples, que anda de transporte público e visita com frequência os bairros da periferia de Buenos Aires. Ele é jesuíta e tem essa disciplina de austeridade", avaliou a teóloga.

Segundo ela, a escolha de um sul-americano é muito importante para toda a América Latina e para a Igreja, por se tratar da extensão territorial com maior número de fiéis católicos. "É um reconhecimento de que aqui há o maior contingente de católicos do mundo", afirmou. 

Maria Clara ainda comentou a escolha do nome do novo líder da Igreja Católica. Segundo ela, pode ser uma referência a São Francisco de Assis, um "símbolo do Ocidente e do Cristianismo", como pode ser referente a São Francisco Xavier, um dos primeiros jesuítas. De acordo com a especialista, Santo Inácio conheceu São Francisco em Paris e lhe dedicou a tarefa de ir para a Ásia. "Trata-se de uma figura heroica, que iniciou a evangelização da Índia e do Japão e morreu às portas da China. Se tornou padroeiro das missões", explicou. 

Tanto a teóloga quanto Dom Orani concordaram que, na realidade, o novo papa pode querer conjugar as características de ambas as ordens a que pertenciam estes santos e usar suas virtudes à frente da Igreja.