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Secretário de segurança não vê crise nas UPPs: ‘problemas vão continuar’

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Com a sinceridade que lhe é característica, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou neste domingo, em coletiva de imprensa após a ocupação do Complexo do Caju e da comunidade Barreira do Vasco, na zona norte da cidade, que não enxerga em crise o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs. E que seria leviano pensar que com a retomada do território a presença do tráfico deixaria de existir.

“Os problemas vão continuar acontecendo. Não podemos ter a garantia que essas pessoas não vão ter arma de fogo nesses locais, considerando que a polícia nunca esteve ali antes. Seria uma ingenuidade, e eu seria hipócrita (ao pensar) que essas pessoas vão dar as costas para o Caju e largas nas mãos da polícia”, afirmou.

Algumas comunidades pacificadas do Rio de Janeiro vêm apresentando questões envolvendo a presença de criminosos, como ocorreu, por exemplo, na última semana, quando bandidos trocaram tiros com policiais na Babilônia, comunidade do Leme, ao lado de Copacabana, na zona sul carioca. No Complexto do Alemão, a inteligência da secretaria de Segurança Pública confirmou a entrada de fuzis no que antes era considerado o quartel general do Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro.

“Mas para mim está muito melhor do que em 2007, quando não havia nada disso”, completou sobre o ano em que assumiu o posto e iniciou o plano estratégico das UPPs no governo Sérgio Cabral. “Temos que ocupar e permanecer, mas isso em momento algum é garantia de que não vamos ter um problema. Não só no asfalto, mas num lugar historicamente conhecido como venda de droga e estado paralelo. É toda uma estrutura que tem que ser quebrada”, complementou.

Outra tese refutada pelo secretário de Segurança Pública diz respeito a migração de criminosos, que estariam se instalando, principalmente, na Baixada Fluminense e em municípios vizinhos, como Niterói. “Vou te dar o exemplo do que ocorreu na Chatuba”, disse, em relação a chacina de sete pessoas em Mesquita, ano passado, na Baixada Fluminense.

“Prendemos 25 pessoas e nenhuma delas era do Rio de Janeiro. Em Niterói, o mesmo caso, prendemos mais de 600 pessoas e apenas cerca de 30 eram do Rio de Janeiro. A migração existe, mas não do tamanho que as pessoas falam. Não se trata de um navio negreiro”, completou ainda, e deixando claro também que estas áreas estão no cronograma de ocupações com o final estipulado para o final da gestão Sérgio Cabral, em 2014.

“Uma coisa é feita depois da outra, existe um norte. Existe uma política de segurança, um rumo onde se quer chegar. Não vou ser mercenário de ilusão para dizer que vamos fazer uma UPP semana que vem (na Baixada Fluminense), pois estaria brincando com a esperança das pessoas. Mas o cidadão de lá paga imposto como o morador de Ipanema. Nosso programa também engloba estas localidades”, finalizou.