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PT diz que PMDB faz chantagem: eles não podem decidir por nós

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A nota emitida pelo PMDB do Rio, na qual ataca a pré-candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e coloca em xeque o palanque do partido para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, abriu de vez a ferida na relação entre os dois partidos na esfera fluminense. Petistas reagiram indignados ao conteúdo do texto, que taxaram de "chantagem eleitoral". Eles sustentam que a decisão sobre a candidatura própria para 2014 é irrevogável.

A crise poderá ter desdobramentos na aliança firmada nos últimos anos. O PT integra a base dos governos de Sergio Cabral e de Eduardo Paes (ambos do PMDB). Na prefeitura, o vice-prefeito é o ex-vereador Adílson Pires (PT). Embora não se discuta isso abertamente, um racha com as administrações peemedebistas é uma possibilidade cogitada.

Em entrevista ao Terra, Lindbergh Farias afirmou que a nota é deselegante e mostra certa truculência dos dirigentes do PMDB do Rio. Segundo ele, não há qualquer possibilidade de desistência de sua pré-candidatura, decidida pela executiva estadual petista em novembro passado.

"Eles não podem decidir sobre nossa vida. Já definimos com muita unidade e equilíbrio, por unanimidade, a respeito de nossa candidatura própria em 2014", declarou.

Lindbergh destacou que vem trabalhando para formar uma frente ampla, que poderia até mesmo contar com o PMDB, mas frisou que os peemedebistas têm todo o direito de lançar um candidato em 2014. "Eles podem colocar quem eles quiserem, assim como nós. E não vamos voltar atrás. É uma questão fechada”, observou.

O senador disse que sua candidatura não inviabiliza o palanque peemedebista de Dilma Rousseff no Rio, e indicou duvidar que o PMDB retire o apoio à presidente, no Rio. "Eu gostaria de saber quem escreveu essa nota. Gostaria de saber o posicionamento do governador Cabral e do prefeito Paes em relação a isso", salientou o senador, que começará a rodar cidades do Estado a partir desta sexta-feira, na chamada "Caravana da Cidadania", que vai passar por Japeri, na Baixada Fluminense.

Para o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), os termos da nota são "inaceitáveis", e mostram que o PMDB quer ganhar a eleição por "W.O.", com a desistência de todas as candidaturas competitivas. Segundo ele, os peemedebistas querem condicionar a aliança nacional a uma chantagem regional.

"Isso não é política, é ameaça. Das mais explícitas, das mais truculentas. O PT já vem apoiando o PMDB há muito tempo no Rio, há mais tempo do que se imaginava. Não há mais possibilidade de não termos candidatura própria", comentou.

Para Molon, diante do posicionamento, tanto de PT quanto do PMDB, pela opção de candidatura própria, não há diálogo, por ora, em relação a 2014. Questionado se os petistas fluminenses não temem uma intervenção do diretório nacional em nome da unidade em torno da candidatura Dilma Rousseff, Molon ressaltou que não há espaço para que isso ocorra novamente.

Em 1998, o PT nacional revogou a decisão do diretório regional que definia a candidatura de Wladimir Palmeira ao governo. A opção imposta foi o apoio a Anthony Garotinho, que estava no PDT. Benedita da Silva compôs a chapa, como vice-governadora. "As feridas de 98 até hoje não cicatrizaram, e isso mergulhou o PT do Rio numa crise que perdura até hoje. Não haverá intervenção", opinou.