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Artistas protestam contra “sucateamento" dos teatros   

Secretário de Cultura do Rio ouviu as exigências 

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Centenas de artistas cariocas se reuniram em frente ao prédio da prefeitura do município do Rio de Janeiro na tarde desta quarta-feira (6), para protestar contra os prejuízos causados pela interdição dos teatros da cidade e, mais ainda, pela falta de manutenção dos equipamentos culturais destes estabelecimentos públicos. A interdição de diversas casas culturais e teatros do município foi realizada, de acordo com a prefeitura, para atestar a segurança destes locais, em virtude da recente tragédia ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria (RS). 

“Muita gente foi prejudicada, inclusive financeiramente, com o fechamento dos teatros porque estavam em cartaz na sua última semana, por conta do Carnaval. Ontem encontrei com pessoas que iriam se apresentar no Parque das Ruínas, e neste fim de semana seria a estreia deles, em que pessoas importantes, como potenciais patrocinadores estariam na plateia, e o local foi fechado. Eles ainda pretendiam filmar a apresentação para enviar para futuros festivais. O prejuízo é muito maior do que somente o financeiro, há também o pesar de não realizar o seu trabalho, ter o prazer de apresentar um espetáculo”, lamentou a atriz Carolina Pismel, da Cia Teatro Independente.

O trecho de um manifesto, que circula pela rede social Facebook diz: “Os teatros públicos, geridos pela prefeitura e pelo Estado, foram fechados porque os nossos representantes não cumpriram o dever de regular e fiscalizar. Muitos equipamentos estão sucateados há anos. A classe artística sempre relatou aos gestores dos teatros públicos as péssimas condições dos espaços culturais geridos por eles. Esta interdição apenas revela o descaso e o sucateamento de nossos aparelhos culturais. Os governantes foram omissos, o Corpo de Bombeiros negligente, mas quem paga a conta é o artista. Fechar garagens de ônibus, lacrar o metrô do Rio, interditar quadras de escola de samba e viadutos daria muito trabalho. Então, resolveram fechar os teatros”.

De acordo com outro comunicado publicado na página, que convocava a classe para comparecer à manifestação, o ato “não é contra o fechamento dos teatros do Rio de Janeiro, mas sim contra o sucateamento dos equipamentos culturais da cidade”.

Foram exigências apresentadas ao secretário: a indenização pelos prejuízos causados às produções atingidas diretamente pelo problema; a criação de prazos para a reabertura dos espaços; a divulgação de relatórios sobre as reais condições técnicas dos equipamentos culturais; a revisão das discrepâncias na gestão de orçamento na pasta da Cultura; a formação de uma comissão com diversos segmentos da classe artística para o acompanhamento das reformas e prazos; a contratação de técnicos especializados e o aparelhamento técnico adequado das salas.

Secretário de Cultura recebe artistas e responde às reivindicações

Diante da manifestação em local público, como de praxe, representantes da prefeitura orientaram os ativistas a criarem uma comissão, com quatro representantes, para que fossem recebidos pelo secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão, na prefeitura. 

Segundo o iluminador Tiago Mantovani, um dos artistas recebidos, a respeito da indenização, o secretário teria “aberto as portas da Secretaria de Cultura para que as produções que se sentirem lesadas pelo fechamento apresentem documentos que comprovem o prejuízo, uma solicitação de reembolso, pois estariam dispostos a avaliar os casos”. Sérgio teria dito também que “não é possível estabelecer um prazo para reabrir os locais, mas que existe um limite de 20 dias, contados a partir do dia 4 de fevereiro, para que todos os teatros sejam vistoriados”.

“O secretário explicou que depois da vistoria haverá o período relativo à execução das solicitações do Corpo de Bombeiros. Será feita então uma nova vistoria nos teatros para liberar ou não os espaços. Segundo adiantou, o Carlos Gomes, por já ter sido vistoriado e já ter começado a comprar o material solicitado, poderá abrir antes dos outros, logo depois do carnaval”, relatou Mantovani, que acrescentou ainda que Leitão deu os mesmos 20 dias de prazo para que a subsecretária, Rosemary Vidal, disponibilize um relatório sobre o que foi detectado.

A  secretaria explicou que não há problema de verbas, e sim de gestão. “Disseram que estão fazendo uma nova adequação da gestão orçamentária, criando novos editais direcionados para teatro, música e circo, entre outras, diferente das que foram aplicadas até agora”, informou Tiago. 

Na reunião, foi dito ainda que não existirá uma comissão da classe artística, porém será criado um portal da prefeitura divulgando o passo a passo do que está sendo feito em cada teatro, conforme contou o iluminador. Também não será possível a contratação de técnicos especializados e aquisição de aparelhamento adequado em 2013, pois já há licitações em andamento. Neste caso, serão avaliados os funcionários já contratados. E, se necessário, será feita a qualificação junto a um órgão competente dos que não estiverem preparados para o trabalho.

Artistas vão formular novas propostas para o secretário

Os ativistas foram convidados por Sérgio Sá Leitão a retornarem à discussão da gestão dos teatros em data ainda não confirmada, em março próximo. Para isso, os artistas vão se reunir na segunda-feira 18, às 19h, na Casa da Glória, a fim de discutir e formular propostas que melhor atendam à causa. A assessoria de comunicação do secretário, no entanto, ainda não se manifestou sobre o caso.