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Rio tem mais cracolândias do que CAPS para tratamento de dependentes

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O número de cracolândias da cidade do Rio de Janeiro é maior que o dobro do número de Centros de Atenção Psicossocial para transtornos causados pelo uso de álcool e drogas, mantidos com recursos do Ministério da Saúde. 

A constatação é da psiquiatra Maria Thereza Aquino, ex-presidente do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad). Isto porque, segundo dados da Secretaria Municipal de Assistência Social, existem 11 cracolândias contra apenas quatro CAPS-AD na cidade.

Para ela, o fato deixa clara a pouca preocupação dos governos municipal, estadual e federal com o atendimento ambulatorial, considerado o mais eficaz no tratamento de dependentes químicos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O número de pacientes recuperados pelo tratamento ambulatorial pode chegar a 35%. Já entre os internados, apenas 10% conseguem abandonar o vício. 

Maria Thereza voltou a criticar a internação compulsória de adultos, anunciada no início da semana pelo prefeito Eduardo Paes. A internação forçada já é uma realidade para crianças e adolescentes desde março do ano passado e a medida encontrou o apoio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

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"Internar não resolve. Todos os meus pacientes já foram internados, mas não conseguiram se livrar das drogas. O atendimento ambulatorial é o mais eficaz. Isto já está comprovado", alerta a especialista que atende dependentes há 26 anos no Rio.

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Na manhã desta sexta-feira (26), uma equipe do Jornal do Brasil flagrou dezenas de usuários de crack nas proximidades do Complexo de Manguinhos, ocupado por forças de segurança há duas semanas.

Um grande grupo concentrava-se debaixo do Viaduto de Benfica. Outro, na entrada da favela Parque União - que, na semana passada, foi alvo de diversas ações da Secretaria Municipal de Assistência Social para recolhimento de dependentes. A entrada da Ilha do Governador foi uma das regiões que também apresentou grande número de viciados - dos dois lados da Avenida Brasil.

"Só recolher não resolve nada. As pessoas precisam ser tratadas o quanto antes. E os cuidados de uma equipe multidisciplinar são fundamentais", ressaltou a psiquiatra da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.