As homenagens às vítimas do acidente com o bondinho de Santa Teresa, que completa um ano nesta segunda-feira, tiveram prosseguimento neste domingo, quando uma missa foi celebrada na Igreja Matriz, no bairro. No início da tarde, uma manifestação, nomeada "Bonde ladeira abaixo", reuniu moradores e frequentadores de Santa Teresa na Praia de Ipanema (Zona Sul), na altura do Posto 9. Simbolicamente, para mostrar a saudade da atração e meio de transporte, uma réplica do bondinho, com cerca de 1,5 metro, foi abraçada pelos presentes. No acidente, seis pessoas morreram e 56 se feriram.
"Aproveitamos a marca de um ano do acidente para espalhar nosso movimento pela cidade. Daí o nome", explicou Sandra Oliveira, uma das organizadoras do "Bonde ladeira abaixo". "Isso tudo é contra a Secretaria estadual de Transporte e o Júlio Lopes, que sempre trataram com descaso o patrimônio tombado".
Os integrantes da associação "Bonde que Queremos", que organizou o protesto, entregaram uma carta aberta aos pedestres que estavam na orla e ressaltaram que o transporte faz falta para toda a população.
Viúva do motorneiro Nelson Corrêa da Silva, que conduzia a composição acidentada, Dulce Araújo Silva, 53 anos, também não segurou as lágrimas e cobrou respostas das autoridades.
Na segunda-feira, dia em que a tragédia completa oficialmente um ano, haverá a inauguração de uma placa em homenagem às vítimas e a entrega de um dossiê ao Ministério Público do Estado pedindo o indiciamento do secretário de Transporte, Julio Lopes.
Lembre o caso
A composição descarrilou e tombou quando descia a Rua Joaquim Murtinho, na altura do número 273, perto do Largo do Curvelo. Quatro pessoas morreram na hora. A quinta vítima fatal chegou a ser socorrida, mas morreu ainda no hospital. A sexta vítima morreu no dia 5 de setembro, após passar nove dias internada, com traumatismo craniano. O condutor do bonde, Nelson Corrêa, que fazia aniversário no dia do acidente, também morreu no local.
Na ocasião, a perícia constatou diversas falhas técnicas na composição, inclusive problemas nos freios. Desde então, a circulação dos bondes antigos foram suspensas no bairro, que ainda aguarda uma solução para o caso. A Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), responsável pelo sistema, calcula que 14 novos veículos comecem a circular no bairro no primeiro semestre de 2014. Contudo, batalhas judiciais atrasam licitações. Os novos veículos - que custarão R$ 49 milhões - terão capacidade para transportar 24 passageiros. Percorrerão um trajeto de 14 quilômetros, com início na Rua Francisco Muratori (na Lapa) e término no Silvestre. Por questão de segurança, os bondes não terão estribo.