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Famílias se dizem esquecidas por empresa após desabamentos 

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A maior parte das vítimas do desabamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro, na semana passada, estava nas dependências da Tecnologia Organizacional (TO). A empresa dava cursos de informática no edifício Liberdade, que caiu sobre os outros dois menores na avenida Treze de Maio. Mas os donos da companhia não tem prestado qualquer apoio às famílias de funcionários mortos na tragédia.

Cleonice dos Santos Damásio Cabral era mulher de Celso Renato Braga Cabral, 44 anos, chefe do departamento pessoal da TO há cerca de dois anos. "Falei com representantes da empresa e eles prometeram me retornar nesta quinta-feira. Vamos esperar para ver se eles vão oferecer algum tipo de ajuda", disse. "Por enquanto temos sido ajudados por familiares, vizinhos e pela igreja."

Ela conta que o marido estava estressado com o excesso de trabalho e o dia da tragédia era o seu penúltimo na empresa, já que havia pedido demissão. Ele deixou dois filhos.

Carla Vasconcellos era casada com Luiz Leandro de Vasconcellos, consultor da TO há apenas três meses. Garante que a empresa sequer telefonou para perguntar como a família está depois da tragédia - ela tem três filhos com Luiz Leandro. "Por enquanto a gente não fez contato. Eles ainda não tentaram falar com a gente", disse.

Segundo o advogado da Tecnologia Organizacional Jorge Willians, os familiares entrevistados pelo Terra estão enganados. "Isto não condiz com a realidade. Desde o começo a empresa colocou uma equipe de psicólogos à disposição das famílias para atendimento."

Missa de sétimo dia

Poucos familiares das 17 vítimas do desmoronamento dos prédios participaram da missa de sétimo dia celebrada nesta quinta-feira na Catedral de São Sebastião, localizada a apenas 500 m do local da tragédia. O culto perdeu importância em meio a tantas homenagens feitas nos últimos dias. "É a terceira missa que fazem para eles. Só vim porque confio muito em Deus e tenho muita ligação com a igreja. Meus filhos preferiram não vir porque tinham de trabalhar." O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, celebrou o culto.

Justificativas

O comandante da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, Henrique Lima Castro, respondeu às críticas que as equipes de resgate às vítimas estão sofrendo por ainda ser possível encontrar partes de corpos nos escombros dos prédios, que foram removidos para um depósito na baixada fluminense. "Até muito tempo depois da tragédia de 11 de setembro (dois prédios do World Trade Center foram derrubados por atentados terroristas em Nova York e mais de 3 mil pessoas morreram) ainda era possível encontrar partes de corpos nos escombros. Aqui acontece a mesma coisa. Isso é normal. Não houve negligência ou pressa excessiva. O importante é que essas partes estão sendo recolhidas e podem ser importantes para identificação de algumas vítimas."

Os desabamentos

Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro por volta das 20h30min de 25 de janeiro. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção de quatro andares. Segundo a Defesa Civil do município, pelo menos 17 pessoas morreram. Cinco pessoas ficaram feridas com escoriações leves e foram atendidas nos hospitais da região. Bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham desde a noite da tragédia na busca de vítimas em meio aos escombros. Estão sendo usados retroescavadeiras e caminhões para retirar os entulhos.