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Cerco se fecha contra Orlando Diniz, afastado do Sesc após irregularidades

"Jornal do Brasil" pede ao Ministério Público dados sobre a evolução patrimonial do empresário

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O estreito relacionamento do presidente afastado do Sesc-RJ, Orlando Diniz, com a iniciativa privada está lhe causando sérios problemas. Depois de ser afastado do comando da instituição devido a suspeitas a respeito de um suposto  esquema de superfaturamento e desvio de verbas, o empresário contratou o conceituado escritório do advogado Sérgio Bermudes para sua defesa. Um sinal de grande preocupação, enquanto, nos próximos 120 dias, o conselho fiscal do Serviço Social do Comércio apura a fundo as suspeitas de utilização irregular de recursos na seccional do Rio de Janeiro. 

Diniz, que também preside a Fecomércio - RJ, está à frente do órgão há nada menos que 12 anos e, caso as suspeitas se confirmem, ele terá que deixar seu cargo permanentemente. Para seu lugar já foi designado o diretor do departamento nacional da entidade, Maron Emile Abi-Abib.  o diretor regional do Sesc, Luiz Oddone, também foi afastado.

Trechos do parecer do conselho fiscal de intervenção, que culminou no afastamento de Diniz, citam oito contratos firmados em 2010 pelo Sesc-RJ com entidades particulares para o patrocínio de grandes eventos que não atenderiam à "melhoria de bem-estar dos comerciários", em tese, a finalidade principal do Sesc. Entre os projetos que abocanharam um total de R$ 26.993.143,41 do órgão está a série musical Rio Noites Cariocas, o Rio Fashion Business e o espetáculo teatral Hair

O relatório do conselho fiscal frisa que, ao realizar este tipo de patrocínio, o Sesc transferiu os recursos da entidade para terceiros. O documento cita, inclusive, o que poderia ser feito com o valor para benefício efetivo dos comerciários:

"O montante despendido nesses oito convênios corresponde ao custeio de um centro cultural por um período aproximado de oito a dez anos; permitiria, por outro lado, a construção de um centro cultural com 5.500 metros quadrados de área coberta e 4.500 metros quadrados de área urbanizada, dispondo ainda recursos para sua manutenção durante três anos", diz o parecer que embasou o requerimento de intervenção.

Orlando Diniz não foi encontrado, mas divulgou uma nota, através da Fecomércio, na qual diz que, em 46 anos de existência, todas as contas do Sesc foram aprovadas e classifica a intervenção de seus superiores como "autoritária" e "inadequada".

'JB' busca dados de evolução patrimonial

A suspeita de irregularidades com o dinheiro dos comerciários revoltou membros da Confederação Nacional de Comércio. Sindicalistas também demonstram irritação. Muitos afirmam que Diniz apresenta enriquecimento incompatível com suas atividades - ele é um empresário do seguimento de açougues. Ciente das denúncias, o Jornal do Brasil busca informações sobre a evolução patrimonial do empresário.

Informações que chegaram ao JB dão conta de que Diniz vive com sua família no mesmo prédio do governador Sérgio Cabral, na Zona Sul carioca, onde o metro quadrado custa nada menos que R$ 25 mil, e um apartamento não pode ser comprado por menos de R$ 5 milhões.

De onde vem o dinheiro

Os recursos do Sesc são oriundos de contribuições dos empregadores do comércio, doações, multas e rendas por prestações de serviços. O órgão também trabalha em cooperação com instituições governamentais.