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William da Rocinha: autoridades tinham relações com líder comunitário preso

Prisão surpreendeu ilustres que aparecem em fotos ao lado do ex-representante da favela

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Preso manhã desta sexta-feira, o ex-presidente da Associação Pró-Melhoramentos da Rocinha, William de Oliveira, era figurinha carimbada na política fluminense. Acusado de associação para o tráfico de drogas e venda de arma de uso exclusivo das Forças Armadas,  ele é, desde 2007, assessor legislativo da vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB), e aparece em diversas fotos ao lado de políticos e celebridades. E o suposto envolvimento com a quadrilha do traficantes Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, preso mês passado, deixou a vereadora estupefata.

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“Estou chocadíssima, o William gozou e goza da minha inteira confiança”, disse a tucana. “A situação me deixou em estado de choque, ele frequenta minha casa, nossas famílias são amigas. Ele é meu representante nas comunidades, participava de comissões. Terá de se defender, apresentar sua versão. Caso seja comprovada a participação dele, será minha maior decepção política, me sentiria traída”. 

Andrea comentou, também, o fato de ela ter que prestar depoimento para a Polícia Civil..

“Sou inteiramente responsável por quem nomeio, ele recebia dinheiro público, terei de responder à intimação para depor”.

O governador Sérgio Cabral é outro que também figura, em imagens disponíveis na internet, ao lado de William. Além das fotos, ele aparece em um vídeo de 2010 apoiando  William da Rocinha, que candidatou-se à Alerj pelo PRB. Cabral está em Nova York representando o estado do RJ, e sua assessoria de imprensa minimizou as fotografias, alegando que os encontros aconteceram “em reuniões abertas, onde William era tratado, apenas, como líder comunitário da Rocinha”.

O deputado federal Chico Alencar (PSOL), que também aparece ao lado de Wiiliam em uma visita pela Rocinha, não se espantou com a prisão do líder comunitário, com quem alegou não ter intimidade.

“Nas áreas com poder hegemônico do tráfico de drogas, as associações de moradores transitam entre a conivência e a convivência, e a linha é muito tênue”, analisou. “O poder paralelo é monopolizador, faz a pessoa transitar neste meio. Mas temos de aguardar a versão dele”.

Responsável pela prisão do líder comunitário, o delegado titular da DRFA, Márcio Mendonça, disse que a polícia tem certeza que William era ligado ao tráfico de drogas, inclusive participou de venda de arma para o traficante Nem. 

"Temos provas suficientes de que ele era conivente com o tráfico de drogas na Rocinha", afirmou. "Ele intermediava a venda de armas para a quadrilha de Nem".