Rio - O presidente do Movimento Popular de Favelas, William de Oliveira, afirmou que os membros da comunidade da Rocinha esperam que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) que o governo prometeu instalar chegue junto a serviços sociais, "de que a comunidade tanto carece". Morador nascido na comunidade há 40 anos e ex-presidente da Associação de Moradores, ele não crê que vá haver problemas na aceitação por parte dos moradores, mas diz que "a confiança precisa ser conquistada no dia-a-dia".
Após a prisão de diversos traficantes da Rocinha - entre eles Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, considerado o chefe do tráfico - e o anúncio da ocupação da polícia, o clima na comunidade, segundo William, é de apreensão. "A gente espera respeito ao morador, mas faz um apelo para que (durante a ocupação) as pessoas permaneçam em suas casas, que o que a gente mais quer é que não haja mortos nem feridos", afirmou. "Espero que não aconteça, mas se acontecer qualquer tipo de enfrentamento, o apelo é para que o morador fique em segurança."
Quanto ao destino de Nem, William afirmou que os membros da comunidade torcem por sua reabilitação. "Esperamos que ele possa responder pelos seus crimes e passar por uma ressocialização", afirmou William. "Existem movimentos como o AfroReggae que estão preparados para ajudá-lo, assim como fizeram com outras pessoas que já estiveram envolvidas com o tráfico."
O líder comunitário citou como exemplo os ex-traficantes Mister M. e Tochinha, hoje envolvidos com a ONG e afastados do comércio de entorpecentes, mas garantiu que não é um caminho fácil. "Os egressos (do sistema prisional) são ainda muito discriminados. Isso precisa mudar", disse.
William disse que, ao contrário de como muitas vezes a Rocinha é retratada, a comunidade "é tranquila, e vai ficar mais tranquila ainda". "O sonho que a gente tem é viver bem, com paz e tranquilidade. O melhor lugar do mundo é o Brasil, e a melhor cidade do Brasil é o Rio de Janeiro. E a gente costuma dizer que a Rocinha é o melhor do Rio."