ASSINE
search button

Mirante do Cantagalo chamou atenção de moradores do asfalto e turistas

Compartilhar

Maria Luisa de Melo, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Quase um mês após a inauguração do primeiro elevador do Morro do Cantagalo, em Ipanema, (Zona Sul), o Complexo Rubem Braga que tem duas torres com elevadores (o segundo ainda está em obras), um mirante e quatro praças não para de receber visitantes. Turistas e até moradores antigos de Ipanema que não conheciam o Morro do Cantagalo antes da instalação do policiamento pacificador estão entre os frequentadores.

Moradores de Nova York (EUA), os amigos Bob Anniibale e Edésio Fernandes, ambos de 52 anos, chegaram ao Rio há uma semana e conferiram o novo point de Ipanema.

Já viemos ao Rio, mas não conhecíamos o Cantagalo. Esta é a primeira vez que estamos aqui informou o urbanista nova-iorquino Bob.

Também pela primeira vez no Mirante da Paz, seu amigo mineiro Edésio comentou ter conhecido um projeto semelhante.

Conheci Medellin (Colômbia) há pouco tempo e o projeto dos teleféricos de lá lembra o elevador do Cantagalo constatou o turista Ambos promovem essa integração entre comunidade e moradores do entorno.

Moradora da Rua Barão da Torre há 50 anos, a aposentada Maria Tereza Almeida Rosa, 82 anos, esteve na tarde de segunda-feira pela terceira vez no Mirante da Paz, que fica no alto da primeira torre do Cantagalo.

De lá, ela apontava o apartamento onde vive com a família.

A primeira vez que estive aqui foi após a pacificação do morro. Depois, trouxe meu filho, e agora trago minha amiga contou a visitante A vista aqui é privilegiada.

Para a professora de inglês Lumena de Souza Lima, 49, também frequentadora de Ipanema, o par de elevadores levantou a autoestima de quem vive no morro.

Sou a favor da política de embelezamento da favela opinou Lumena. Os elevadores também facilitam a vida dos moradores.

Apesar de morarem a muitos quilômetros do bairro de Ipanema, as funcionárias do supermercado Zona Sul Rita de Cássia Albuquerque, 45, e Monique Assis, 22, mataram a curiosidade de conhecer a comunidade na tarde de segunda-feira.

Nossa, que vista linda! Dá para ver a praia exclamou Rita de Cássia Só conhecia o Cantagalo de ouvir falar.

Agências de turismo ainda não descobriram

Apesar de muitos turistas visitarem o mirante e os elevadores do Complexo Rubem Braga, no Morro do Cantagalo, por conta própria, as agências de turismo ainda não incluíram o passeio em seus roteiros turísticos, como já aconteceu com a favela da Rocinha, em São Conrado, e com o Morro Santa Marta, em Botafogo.

O JB procurou dez empresas que vendem pacotes turísticos na Zona Sul do Rio, e apenas uma delas informou que pretende incluir o mirante do Cantagalo no seu tour.

A Opco Tour, localizada em Copacabana, diz que a comunidade vai entrar no mapa dos locais visitados por turistas através de agências a partir de outubro, quando começa o período de chegada de navios à cidade. Os valores dos pacotes ainda não foram estipulados.

Para Augusto Boissom, presidente da Associação de Moradores e Proprietário de Prédios no Leblon, mais importante que a visita de quem mora fora da cidade ou do país são os cuidados que a favela deve receber.

Melhor que receber turistas é atender aos moradores locais e oferecer segurança às comunidades do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho opinou Boissom.

Para Bruno da Silva, 11, morador do Cantagalo desde que nasceu, visitantes são sempre bem-vindos.

Eu adoro subir de elevador com gente que não mora aqui na favela, acabo fazendo amizade concluiu o garoto.

Esta obra foi uma mão na roda para nós. Agora, subir e descer o Cantagalo só de elevador elogiou Wallace, irmão de Bruno, 19.

Segundo o governo do estado, a segunda torre do complexo deverá ser inaugurada no segundo semestre de 2011.

No Alemão, teleférico à vista

Jorge Lourenço

O teleférico do Complexo do Alemão, que deve ser inaugurado na primeira quinzena de dezembro, tem tudo para se tornar um novo ponto turístico. No entanto, a região precisa primeiro ser pacificada pela polícia, pois o tráfico ainda dá as cartas.

O projeto da Secretaria Estadual de Obras para o local é ambicioso e inclui a construção de seis estações (Bonsucesso, Morro do Adeus, Morro da Baiana, Morro do Alemão, Itararé e Fazendinha) pelas quais passarão 30 mil pessoas por dia.

Enquanto o Alemão não é pacificado, as obras na comunidade ainda precisam conviver com a presença do tráfico.

A comunidade quer as obras e sabe que o teleférico trará vários benefícios. Por isso, não sofremos pressão do tráfico explicou o secretário de Obras, Hudson Braga. O governo já planejou como vai lidar com a pacificação, então não nos preocupamos com isso. A segurança virá com o tempo.

Hudson Braga também garantiu que as obras têm fluído sem problemas.

Tivemos algumas reclamações isoladas, mas os índices de aprovação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são excelentes.

A Secretaria de Segurança não quis se pronunciar a respeito do planejamento para a invasão do Complexo do Alemão. Principal reduto do Comando Vermelho, o local é considerado o grande desafio do processo de ocupação policial.