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Manobras radicais para evitar a língua negra

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José Luiz de Pinho, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Quem passou nesta segunda-feira de manhã pela Praia do Pepino, em São Conrado, se deparou com uma enorme língua negra, que se estendia por uma grande parte da areia. Além de manchar o visual de um local de rara beleza, o acúmulo de água suja irritou os praticantes de voo livre. Eles decolam da Pedra Bonita e têm o ponto de pouso justamente no local poluído. Para não cair na língua negra, os pilotos tiveram que fazer manobras radicais.

Segundo o presidente do Clube São Conrado de Voo Livre, Paulo César Fernandes, o Paulão, a água é proveniente das cheias de quatro rios, que desembocam na praia sempre que o volume das chuvas aumenta.

Tem chovido bastante nos últimos dias, e isso faz esses rios transbordarem, trazendo até lixo para a praia informou Paulo César, lembrando que a lígua negra surgiu no fim de semana passado.

O piloto instrutor Márcio Borges, 48 anos, 25 deles dedicados ao voo livre, falou dos transtornos para os praticantes do esporte:

É uma coisa chata. O pior é que quando o local seca fica a lama. Não dá para pousar ali, senão a pessoa suja os pés e a asa.

Acompanhadas da amiga Joana Gallina, as irmãs paulistas Patrícia e Beatriz Frazattu, alunas de voo livre do Clube São Conrado, se espantaram com a mancha na areia.

Que nôjo! Não vou nem saltar hoje. Já pensou aterrissar nessa água suja? reclamou Patrícia.

A prática do voo livre existe no Rio desde 1974, trazida pelo piloto francês Stefan Segonzac.

Hoje, o Clube São Conrado conta com 2 mil inscritos informou Paulão. O curso de voo livre custa R$ 3 mil, e o aluno conclui ao fazer de 30 a 50 aulas.

O administrador do clu be, José Miguel da Silva também lamenta o aparecimento da língua negra.

É feio. Sem falar que a lixarada que vem junto pode machucar alguém.

Rio-Águas fará vistoria

A assessoria da Rio-Águas, órgão subordinado à Secretaria municipal de Obras, informou que hoje enviará uma equipe para vistoriar a Praia de São Conrado. O orgão informou que a língua negra é momentânea e ocasionada pelas constantes chuvas que ocorreram na cidade.

Ainda de acordo com a Rio-Águas, as línguas negras são ocasionadas pelo fato de que a água da chuva escorre para as galerias de águas pluviais e acaba desembocando na praia.