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Estranhos no paraíso verde

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Maria Luisa de Melo, Jornal do Brasil

RIO - Um projeto de lei enviado à Câmara Municipal está dando o que falar no bairro do Jardim Botânico (Zona Sul). A proposta, de autoria dos vereadores Adilson Pires (PT), Reimont (PT) e Eliomar Coelho (PSOL) pretende dar títulos de posse para 589 famílias que vivem nas proximidades do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico, um dos mais importantes do país. Depois, a área tende a ser urbanizada, ganhando benfeitorias como rede de esgoto, asfaltamento, drenagem da água da chuva e iluminação pública.

A comunidade do Horto não vai ser a primeira a se tornar uma Área de Especial Interesse Social (AEIS) na cidade. Antes dela, a Favela da Rocinha, o complexo de favelas do Alemão e o Morro do Pavão-Pavãozinho também foram beneficiados com a medida.

No entanto, o diretor de Ambiente e Tecnologia do Jardim Botânico, Guido Gelli, não vê o projeto com bons olhos . Para ele, a medida é uma irresponsabilidade.

Não era para haver casas ali. Graças a pessoas que vivem no local, o Rio dos Macacos, um dos mais importantes da região, está imundo no trecho que passa pela comunidade criticou.

O Rio é responsável por irrigar todo o terreno, já que corta o Jardim Botânico de uma extremidade à outra.

Apesar da votação do projeto de lei não ter data marcada para acontecer, o texto tem irritado alguns moradores do bairro que não vivem na região do Horto, como Márcia Helena Nóvoa, que mora no Jardim Botânico há mais de 40 anos.

Com a experiência que tivemos com a favela da Rocinha, foi possível perceber que depois da transformação da comunidade em uma AEIS, houve um crescimento lembrou a dona de casa. Se aprovado, o projeto vai consolidar algumas áreas de ocupação irregular e incentivar a chegada de mais gente para morar no local, já que a fiscalização é frágil.

Pioneirismo

Para o vereador Eliomar Coelho, um dos autores do projeto de lei, os moradores já têm o domínio da área, só lhes falta a titulação de posse.

Os primeiros moradores do lugar eram funcionários do Jardim Botânico e auxiliaram na construção do instituto de pesquisa. Foram convidados para habitar esse terreno explicou.