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Igrejas substituem os tradicionais sinos por caixa de som

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Thiago Feres , Jornal do Brasil

RIO - Acompanhando os avanços tecnológicos do mundo moderno, as igrejas do Rio de Janeiro estão abrindo mão de utilizar os tradicionais sinos de cobre e instalando equipamentos eletrônicos que reproduzem as badaladas. Além de um longo alcance na propagação dos toques, que pode atingir até seis quilômetros de raio, os novos equipamentos permitem a execução de músicas em alguns horários considerados sagrados para o catolicismo.

Em toda a cidade, não é raro encontrar paróquias que já utilizam o novo sistema, apesar de a Arquidiocese não saber informar precisamente quantas igrejas já operam o recurso.

Em Pilares (Zona Norte), a Paróquia de São Benedito instalou os equipamentos há cerca de dois anos. Além do sistema de áudio, os sinos de cobres fabricados em 27 de março de 1988 também receberam um outro aparelho capaz de programar os horários em que as peças tocam efetivamente, o que ocorre apenas em três oportunidades ao longo do dia.

Para o funcionário da administração da igreja, Valdemar Mendanha da Silva, 61, há 40 frequentando o local, o preço da manutenção e os elevados custos dos sinos são as grandes vantagens do sistema de som.

Aqui nós temos três sinos. Um grande e outros dois menores. Para passar um óleo e uma graxa específica nas peças, as empresas cobram aproximadamente R$ 150. Só aqui são R$ 450. Preço muito alto destacou.

Na Paróquia de São Francisco Xavier, na Tijuca (Zona Norte), a substituição já foi feita há 15. Segundo o pároco José Liguozhong, a possibilidade de tocar músicas é um atrativo a mais.

Executamos canções católicas, como a Ave Maria, em quatro horários por dia (7h, 12h, 15h e 18h). O sino é um símbolo de Natal, utilizado para anunciar a chegada do menino Jesus explica.

A paróquia é uma das mais antigas da cidade. Ainda na época do Império, os sinos localizados nas duas torres da igreja serviram para prestar um serviço para a sociedade, já que avisam aos moradores da região sobre a existência de incêndios em ruas próximas.

Quando o sino badalava de forma convencional uma vez, por exemplo, estava ocorrendo um incêndio na Rua Almirante Cochrane. Quando eram duas badaladas, o incêndio era na própria Rua São Francisco Xavier. E assim por diante revela o pároco.

Em Pilares, ainda existe a Paróquia São Pedro, situada na Rua General Clarindo. No local, foram instaladas recentemente seis cornetas externas, no entanto, os moradores reclamaram do barulho produzido pelo sistema de som, o que fez com que quatro delas fossem desligadas.

Para muitos fiéis, não existe diferença entre os toques tradicionais e os reproduzidos pelos equipamentos de som.

Confesso que acabo de saber que existem toques gravados. Não vejo diferença nem de significado. Acho que a religião precisa evoluir junto com a tecnologia afirma a manicure Paula Santos.

Preço dos aparelhos de som pode chegar a R$ 15 mil

O equipamento que armazena as músicas tocadas pelas caixas de som, toda a fiação e os auto falantes podem variar entre R$ 3,6 mil até R$ 15 mil, dependendo do serviço que precise ser realizado em cada uma das igrejas. O aparelho pode conter as músicas já na memória ou executar canções armazenadas em um CD. Semelhante a um videocassete, ele geralmente fica guardado com toda a segurança na casa paroquial.

Tivemos um crescimento muito grande na procura dos equipamentos em 2008. Ano passado houve uma queda resultante da crise que assolou o mundo inteiro. Porém, este ano já recebemos vários pedidos de orçamento revela o sócio-proprietário da empresa Dynavox, Sergio Pontiggia, sediada em Vitória, no Espírito Santo, mas que realiza o serviço em toda a região sudeste.

A Orion Brasil, localizada no Rio de Janeiro, registrou crescimento de 20% na realização do serviço no ano passado, quando comparado com 2008.

O padre José Liguozhong destaca a facilidade na operação do equipamento.

Além da economia em não precisar de um funcionário para tocar os sinos de hora em hora, é super simples de operar o aparelho. As principais músicas já ficam programadas e podemos acrescentar outras, caso seja necessário analisa.

Nas igrejas onde não existem torres lugar escolhido para a colocação dos sinos o recurso é ainda mais utilizado. O especialista em manutenção de sinos, Gustavo Costa, conta que o alto preço das peças contribui para os aparelhos de som.

Um quilo de bronze ou cobre, metais caros, custa aproximadamente R$ 50, o quilo, o que torna caro um sino de 300 quilos adequado para uma igreja mediana. É mais fácil pagar por uma caixa de som, mesmo existindo recursos para a instalação de sinos em igrejas sem torres revela o especialista.