Antonio Puga, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - O Brasil não é só samba, pagode, rock ou funk. Há espaço para todos os ritmos. E, se a funkeira Valesca Popozuda arrasou à frente da bateria da Porto da Pedra, a turma do batidão teve um lugar de destaque no desfile da Mangueira, a última escola da terça-feira, que entrou na avenida já na madrugada de terça-feira. Exaltando a Música Popular Brasileira, a escola já começou quente, literalmente: o carro abre-alas teve um princípio de incêndio ocasionado por superaquecimento que foi rapidamente controlado pelos bombeiros, sem que ninguém se ferisse.
O acidente não diminuiu o ritmo da escola. Afinal, como afirmou um dos carnavalescos, Jaime Cezário, a proposta da Mangueira era emocionar:
A música tem o poder de marcar nossa vida. Quem não tem uma que lembra um momento especial?
Para a cantora Fernanda Abreu, o enredo foi importante por mostrar que há espaço para todos os ritmos, além de ser uma homenagem a cantores e compositores.
O Brasil tem um número de músicos que seria capaz de lotar várias escolas de samba. É uma homenagem importante, e o Ivo Meirelles (presidente da escola e músico) conhece bem o assunto. Raramente desfilo, mas é sempre um prazer contou a cantora.
Se o Brasil é um país de múltiplos ritmos, o Beco das Garrafas, berço da Bossa Nova não foi esquecido. No carro alegórico estavam representantes de um movimento que levou a música brasileira ao exterior. Marcos Valle considerou sensacional a proposta.
A Mangueira acertou ao prestar essa homenagem, porque é um enredo que tem grande apelo popular. O Brasil é um país com tantos sons, não é cabível existir preconceito. Temos espaço para todo o tipo de música, seja o samba, rock, bossa nova e até mesmo o funk comentou o compositor.
O último carro, uma homenagem ao MC Claudinho, trouxe grandes nomes do funk carioca como MC Maysa, Mulher-Filé, DJ Marlboro, Rômulo Costa, MC Bruninha e Gaiola das Popozudas.
Essa é uma homenagem muito justa ao ritmo que também tem raiz africana. Não sabia que esse reconhecimento poderia acontecer enquanto estivesse vivo, e agradeço a Deus disse, emocionado, o DJ Marlboro.
Dono da equipe de som Furacão 2000, uma das mais tradicionais do movimento funk, o empresário Rômulo Costa enalteceu as semelhanças entre ambos os ritmos.
- Funk e samba se confundem, pois possuem origens semelhantes, vindo do povão. Dou uma nota 2 mil para este desfile da Mangueira disse, brincando.
Valesca Popozuda, que voltou à avenida, comparava os dois ritmos:
As batidas, tanto do funk como do samba, empolgam qualquer um.
Ivo Meireles lembrou que foi sua escola quem começou a trazer o funk para a avenida.
Fomos pioneiros nisso, em 1994, ao colocarmos batidas de funk em nossos ensaios disse o presidente.