Flávio Dilascio, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Mortes, pessoas desalojadas e prejuízo . Esse foi o saldo da forte chuva que atingiu o estado do Rio e parte da Região Sudeste do país na noite de quarta e madrugada de quinta. A Baixada Fluminense foi a área mais afetada, com três mortes e dois feridos em Nova Iguaçu e estado de calamidade pública decretado em Duque de Caxias e Belford Roxo. À tarde, o governador Sérgio Cabral anunciou que o Governo Federal vai liberar R$ 400 milhões por meio de uma Medida Provisória a ser editada para socorro, reconstrução para o Rio, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná, onde também chouveu forte. Ainda não se sabe quanto cada unidade federativa vai receber.
Cabral anunciou também duas medidas de emergência para a população atingida: o aluguel social e a montagem imediata de um hospital de campanha, em Belford Roxo, com capacidade para atender até 500 pessoas.
O anúncio veio pouco depois de o governador sobrevoar de helicóptero as regiões mais atingidas pelo temporal. No voo, também estavam o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, a secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Valente e o secretário de Saúde e Defesa Civil do Rio, Sérgio Côrtes.
Os recursos para o aluguel social, que vão ser repassados pelos municípios a pessoas temporariamente impedidas de voltar para suas casas, serão destinados pelo governo do estado às prefeituras de Belford Roxo e Duque de Caxias, as cidades mais prejudicadas.
Mortes em Nova Iguaçu
Apesar da gravidade das enchentes, apenas a cidade de Nova Iguau teve vítimas fatais. José Severiano de Frias, 48 anos, Marlison José de Frias, 22, Jenifer Maria da Silva, 15, todos da mesma família morreram no após o desabamento da casa em que viviam, no distrito de Tinguá, em Nova Iguaçu, onde outras duas pessoas ficaram feridas e outras 30 estão desalojadas.
Ninguém acreditou no que aconteceu. A casa fica em cima de um barranco, onde se abriu uma cratera que fez ruírem a casa e todo o barranco, jogando tudo do outro lado da rua relatou a vizinha da família, Elisabeth Chaves.
Outro morador de Tinguá, Erivelton Soares, lamentou ter perdido parte de sua casa.
A plantação que eu tinha no meu quintal ficou inteiramente destruída. O mesmo aconteceu com uma casinha que eu tinha ali no fundo para guardar móveis e ferramentas. Agora, vou ter que recomeçar tudo de novo. Moro aqui há 35 anos e nunca vi isso. Foi uma coisa triste, horrível relatou.
Outras regiões de Nova Iguaçu também foram muito atingidas, como Campos Elísios e Tanguá, onde 600 pessoas ficaram desabrigadas. Somente na rede estadual, 3224 alunos não tiveram aulas.
Por conta de prejuízos em suas casas e problemas no trânsito, muitas pessoas não conseguiram ir trabalhar nesta quinta-feira. Não foi o caso da doméstica Ivanilda da Costa, moradora do bairro Lote 15, em Belford Roxo, que saiu de casa de manhã mesmo sem a água ter baixado.
Muita gente não foi trabalhar porque ficou arrumando suas casas por causa da chuva. Eu, felizmente, não tive esse problema, pois moro em um ponto mais alto da rua comentou.
Penedo viveu uma de suas piores inundações
Distrito e parque ecológico do município de Itatiaia, na região sul do estado, Penedo também sentiu na pele os problemas causados pela tromba d'água que afetou a região na noite de quarta para quinta. Não houve registros graves nem desabrigados, mas alguns pontos da cidade que é um polo turístico ficaram completamente alagados, causando inundação de casas, lojas, pousadas e restaurantes.
Segundo os moradores, durante o temporal, todos ouviram um forte estrondo, que fez vibrarem janelas e objetos. Em questão de segundos, a água começou a invadir os imóveis, principalmente no bairro conhecido como Formigueiro.
Foi tudo muito rápido, e, assim que a gente ouviu algumas pessoas gritando e saiu para ver o que era, a água já tinha tomado tudo. Eu estava na parte de cima da casa, e ao olhar pela janela deu para ver a correnteza que passava pela rua, e que arrastava um carro, com o motorista e um passageiro desesperados dentro, sem muito o que fazer contou Jussara dos Santos, moradora da Avenida Brasil, um dos locais mais atingidos de Penedo.
O comerciante Edmundo Serra afirmou que, nos 30 anos em que vive na localidade, já vivenciou sete enchentes, mas que a desta quinta-feira foi parecida com outra ocorrida há cerca de oito anos, considerada por muitos a mais forte até então.
De certa forma a gente já espera por isso, pois não dá para evitar. É coisa da natureza, estamos limpando tudo e daqui um pouco continuamos nossa vida e nossos negócios resignou-se.
Construções irregulares
De acordo com a Prefeitura de Itatiaia que montou mutirão de limpeza nesta quinta-feira em Penedo algumas construções irregulares na beira do Rio Campo Belo, que corta a cidade, podem ter influído o transbordamento. O prefeito Luis Carlos Ypê afirma haver estudos junto ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que sejam adotadas medidas contra essas construções de risco.