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Especulação imobiliária reduz número de postos de combustível

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Flávio Dilascio, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Parte mais valorizada da cidade a Zona Sul vem sofrendo com um fenômeno curioso. Ao passo que moradias e comércio da região não param de crescer, um dos serviços mais necessários à população vem se tornando a cada dia mais escasso, pois o número de postos de gasolina tem diminuído. Nos últimos três anos, pouco mais de 20 unidades foram fechadas na região, o que desagrada motoristas, que, muitas vezes, precisam ir para outras áreas da cidade abastecer seus veículos.

A justificativa está na ultravalorização dos terrenos na Zona Sul, que despertam a cobiça de imobiliárias que fazem propostas quase sempre irrecusáveis, levando-se em conta a dificuldade que é manter um posto de gasolina na área mais nobre da cidade. Atualmente, são 802 postos de gasolina na capital, a maioria nas zonas Norte, Oeste e Centro.

Os valores ofertados são, em geral, bem mais atraentes do que a manutenção do próprio negócio. Combustíveis são produto altamente taxado e a margem de lucro tem sido cada vez mais apertada. Com os altos custos para manter um imóvel na Zona Sul, como o IPTU e demais taxas, a permanência do posto já não é mais tão interessante ao proprietário explica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb), Manuel Fonseca da Costa.

Ele ressalta, no entanto, uma diferença:

Postos que revendem GNV são pouquíssimos na Zona Sul e ainda conseguem manter uma certa cota de sobrevivência. Já os que não são atendidos pela CEG, quase sempre sucumbem às tentadoras propostas das empresas construtoras, à procura de áreas valorizadas.

Decreto cassado

Alegando embelezamento paisagístico e proteção ambiental , o ex-prefeito César Maia decretou, no dia 23 de março de 2007, a suspensão das atividades dos postos de gasolina na orla marítima do município. As unidades, entretanto, conseguiram, dias depois, liminar judicial mantida pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, em sessão realizada em setembro deste ano que vem garantindo seus funcionamentos até os dias de hoje.

Apesar da liberação dos postos na orla, a Zona Sul se estabelece, a cada temporada, como região da cidade com menos opções desse serviço.

Realmente percebi que, de uns anos para cá, diminuiu muito o número de postos de gasolina da Zona Sul. Moro em Vaz Lobo e lá não temos este problema diz o taxista Jefferson Rodrigues Teixeira, que costuma circular pela Zona Sul.

Ipanema não tem mais lugar para abastecer

Abastecer o carro em Ipanema é tarefa impossível. O bairro não possui mais postos de gasolina. Um dos últimos da região na esquina das avenidas Epitácio Pessoa e Vieira Souto fechou em 2006, quando a imobiliária Marcus Cavalcanti adquiriu o terreno por R$ 27 milhões.

Tratava-se da última área disponível na Vieira Souto e com uma localização ímpar. Ele ainda é privilegiado, pois não possui prédios colados a ele na face que dá para o Jardim de Alah justifica a gerente de vendas da Marcus Cavalcanti, Ivone Coutinho.

A empresa está construindo um condomínio residencial, com previsão de inauguração para julho do ano que vem e apartamentos avaliados em R$ 13 milhões. O custo total do empreendimento é de R$ 42 milhões.

Outro tradicional posto de gasolina que fechou há pouco tempo (em 2008), foi o Sacor, na Rua do Catete, no Flamengo. O local se transformará em um edifício comercial, o que descontentou moradores.

Aquele posto tinha muita utilidade para o bairro. Espero que isso não aconteça com os outros postos da região afirma Humberto Passos, morador do Flamengo.