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Dicró: o gerente do Piscinão de Ramos

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João Pequeno , Jornal do Brasil

RIO - Cria da Chatuba, bairro que se divide entre os municípios de Mesquita e Nilópolis, o autodeclarado crioulo mais honesto da Baixada (Fluminense) adotou há 30 anos, a Tijuca. Morando perto do metrô Afonso Pena, o sambista Dicró conta que se mudou em função da proximidade do trabalho e em busca de melhores colégios para os filhos, hoje já todos crescidos .

Não fica só nas letras a irreverência do autor de versos escrachados, em parceria com o colega de samba Pongá, em O Bingo (Vou fazer um bingo lá na casa da vovó /o prêmio é minha sogra, sai numa pedra só) ou com o humorista Chico Anysio, em Cabide de emprego (Se não fosse o crime, muita gente morria de fome/o vagabundo é quem garante o pagamento dos homens).

No Bar do Chico, seu point particular, Dicró bate papo com todos no balcão e autografa um DVD dos que chegou a vender no Largo da Carioca, com toda a sutileza no slogan quem não comprar é corno! atualmente, ele só os comercializa através do site www.dicro.com.br..

Dono de um bar no Piscinão de Ramos, ele diz que vai lá mais no verão e aos sábados e domingos.

Dia de semana, fica vazio.

Sabor do Rio:

São as feijoadas das escolas de samba, que ainda têm pinga.

Livraria:

Não sei. Agora, recebi um convite para escrever o meu, que, se sair, deve se chamar Dicró e Salteado.

Teatro:

Gosto de onde estiver em cartaz o Plantão de Notícias , do Maurício Menezes. Mas tenho planos de montar minha própria peça, em que o personagem principal passa o maior desgosto. Logo depois de morrer, a alma dele olha em volta e descobre que a mulher o traía, o filho e a filha são gays e até o filho bastardo, que ele tinha fora do casamento, é bicho solto (bandido).

Museu:

Nunca fui, logo eu, que sou jurássico e já podia virar peça.

Padaria:

Era uma na Chatuba, que abria de madrugada. Mas ela já fechou, virou bordel.

Cinema:

O primeiro Cine Marabá, em Cavalcanti (Zona Norte).

Pôr-do-sol:

O do Arpoador, é claro.

Feira:

Gostava da Feira de São Cristóvão quando era aberta. Mas agora ficou muito cara.

Maior furada:

As maquininhas dos bingos (caça-níqueis), que tomam todo o dinheiro da gente.

Dica secreta:

Ah, é o Piscinão. Lá não tem onda, então nêgo transa dentro da água, na maior tranquilidade.

Na Zona Sul:

Urca. A praia lá não é grande coisa, mas é uma opção quando o Piscinão está muito cheio, no verão.

Rio antigo:

A feira de antiguidades da Rua do Lavradio, na Lapa.

Maior saudade:

De paz e tranquilidade.

Passeio:

Na Costa Verde (Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty), de lancha ou barco. E, recentemente, comprei uma casa na Praia de Mauá (em Magé, na Baixada Fluminense, nas águas da Baía de Guanabara).

Alma do Rio:

O Carnaval, como um todo.

Quando você sabe que está no Rio?

Quando te assaltam até jogando um litro de água por debaixo da porta para a vítima abrir.

E quando sabe que não está?

Quando durmo sem escutar um tiroteio.

O que sobra no Rio?

Conta para pagar.

Melhor papo:

Do Bar do Chico, com certeza. Aqui eu viro gerente de banco, todo o mundo vem falar comigo.

Que lugar merece um Choque de Ordem?

Nem fala nisso, porque eu já vivi de vender meu CD na rua.

Estádio:

São Januário. Fujo do Maracanã, porque, na última vez em que eu fui, não achei meu carro na saída. Nem tinham roubado, é que eu não conseguia achar mesmo no meio de tanta confusão.

Comida de rua:

O Angu do Gomes era muito bom, tomara que volte.

Transporte alternativo:

Táxi. É até melhor, porque eu posso beber.

O que falta no Rio?

Falta, mas vai ter. A Olimpíada. As crianças vão adorar, e muita coisa pode melhorar.

Se não for o Rio, só...

Salvador, um lugar animado.

Rua bem carioca:

As da Lapa.

Aventura carioca:

Não gosto.

Som para lembrar do Rio:

Ronda (de Paulo Vanzolini). Se bem que é essa é paulista, né? Então, Na subida do morro, do meu parceiro Moreira da Silva (1902-2000).

Clube:

América. É aqui do lado, e eu sou sócio.

DJ/Festa:

Baile funk, porque, com aquele barulhão todo, a gente acaba relaxando, deixando para lá a música, e fica bom para compor.

Frase que define o Rio:

O Rio sem sol não tem sal , de uma música que estou fazendo e deve se chamar Rio sem Sal.