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UFF abre sindicância para apurar trote envolvendo sexo oral

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Nara Boechat, Jornal do Brasil

RIO - O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles, anunciou segunda-feira que foi montada uma comissão da faculdade de direito para apurar a denúncia de uma caloura que teria sido vítima de um trote violento aplicado por um grupo de oito veteranos. Na última quarta-feira, eles teriam tentado obrigar algumas alunas à fazerem sexo oral ou beijá-los na boca em troca de não irem às ruas arrecadar a quantia de R$ 250.

A comissão irá convocar todos os alunos que participaram do trote para depor diz o reitor da faculdade, que, no domingo repudiou em nota atitudes agressivas dos estudantes.

O caso teve grande repercussão entre estudantes e professores de universidades do Rio, que se perguntam em que momento a tradicional brincadeira de início de curso começa a ficar perigosa.

De acordo com Salles, os ritos de recepção aos calouros vêm sendo mudados e hoje em dia a maioria das faculdades optam pelo projeto Trote Cultural UFF, que leva o aluno a doar sangue, alimentos e fazer algumas atividades relacionadas ao meio ambiente.

Os alunos que insistem em dar esse tipo de trote são minoria aqui acrescenta.

Etapa importante

Para o professor da faculdade de medicina da UFF, Armando Pires, a recepção aos calouros é importante para o aluno que chega à universidade.

Acreditamos que seja fundamental que o aluno assuma esse processo de apresentar a faculdade ao estudante que acabou de chegar. A gente questiona muito sobre a vinculação dos trotes à bebida alcoólica e tentamos trazê-lo para a área solidária relata o professor, que não é a favor dos trotes.

As estudantes do 5º período de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bianca Nina, de 20 anos, Anny Ribeiro, 21, Carolina Berger, 20, e Raquel Gonzalez, 20, não são a favor desses trotes onde sujam as pessoas e acham que muitos alunos participam por medo de não se integrarem à universidade.

Não acho legal jogar ovo, farinha. diz Raquel. É interessante quando eles fazem pinturas elaboradas.

Paz na UFRJ

De acordo com as alunas, nunca houve nenhum incidente desste tipo na UFRJ e os professores sempre deixam claro para os calouros que eles têm a opção de participar ou não.

Aqui (na UFRJ) não tem disso. Apenas uma vez uma menina foi parar no hospital em coma alcoólico, mas os próprios veteranos a socorreram acrescenta Anny.

O também estudante de jornalismo Adriano Meirelles, de 24 anos, que está no 6º período, relata o mesmo episódio e diz que a brincadeira com a cachaça continua.

Aqui tem uma semana de trote. Em cada dia há uma brincadeira diferente. No último, tem a gincana onde há brincadeiras envolvendo banana, choquito e bebida. Mas ninguém é obrigado a participar diz Adriano.

Para ele, a violência é desnecessária na recepção aos novos.

Não sei de onde vem isso relata o aluno. Acho que pode ser pela pouca idade das pessoas quando entram na universidade.

Para o professor Armando, os responsáveis devem ser punidos de alguma forma.

A pessoa que usou a violência em um espaço público com certeza deve ser punida. Agora, o grau de punição depende de quem vai investigar acrescenta.

A aluna que denunciou os estudantes não quis formalizar a queixa com medo de sofrer novas agressões e constrangimentos. Segundo o reitor Roberto Salles, caso o fato venha a ser confirmado e os responsáveis identificados, todos os envolvidos serão punidos. Dependendo da gravidade da situação, a punição pode ser com uma advertência, uma suspensão ou até mesmo expulsão.