Marcelo Migliaccio, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - O condomínio Jardim Pernambuco é um oásis de tranquilidade no bairro do Leblon. Não é à toa que o aluguel de uma casa ali custa R$ 25 mil e nenhum imóvel é vendido por menos de R$ 8 milhões. São cerca de 150 mansões divididas em umas poucas ruas, todas guardadas por cancelas. Embora a entrada seja livre, pois é um espaço público, quem não quiser se identificar para os seguranças será seguido por um agente de moto durante todo o tempo em que ficar no condomínio.
Aqui é o lugar mais valorizado do Rio diz o empresário da construção civil José Conde Caldas, que mora no Jardim Pernambuco desde 1984. Sou baiano e sempre morei em casas, quando descobri isso aqui voltei ao tempo da minha infância. Agora brinco com a minha mulher que só saio daqui na horizontal.
Realmente, o lugar parece uma cidade do interior. Um exército de 80 seguranças reforçado por um policial militar que fica numa cabine doada pelos moradores se reveza para que as crianças possam brincar à vontade. O parque tem 4 mil metros quadrados, com 2,5 mil de área verde preservada.
Famílias tradicionais do Rio, como Severiano Ribeiro, Chermont de Brito, e a do próprio Conde Caldas cruzam ali com gente famosa como o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, a jornalista Marcia Peltier e o humorista do Casseta & Planeta Hélio de La Peña. Dizem que a cantora Simone também comprou um imóvel no local, mas são apenas rumores, iguais aos de que suas colegas Sandy e Ivete Sangalo também estariam para se mudar para lá.
Mas a coisa nem sempre foi um mar de tranqulidade. No início dos anos 90, os moradores descobriram que uma favela estava se formando perto do condomínio. Eram 42 barracos e já havia até tráfico de drogas. Com a ajuda do prefeito Cesar Maia, da então subprefeita da Zona Sul, Solange Amaral, e das associações do Leblon e da Gávea, os moradores do Jardim Pernambuco gastaram US$ 300 mil e indenizaram todos os invasores, que se foram.
Pagamos cerca de US$ 7 mil dólares por cada barraco lembra Conde Caldas, 66, que já presidiu a associação por duas vezes.
Hoje, a briga da associação é com três ou quatro moradores que não querem pagar a taxa mensal de R$ 1.500, pois acham que têm direito aos serviços.
Mas estamos derrotando todos eles na Justiça, porque é um caso de beneficiamento sem causa. Nossas melhorias supervalorizaram os imóveis deles diz Caldas, da construtora Concal.