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Cemitérios do Rio perdem os bustos de mortos ilustres

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João Paulo Aquino, Jornal do Brasil

DA REDAÇÃO - Talvez a paz exista após a morte, porém sossego não se encontra nos cemitérios. Conforme matéria publica na edição do Jornal do Brasil no dia 28, os túmulos estão em estado de abandono e têm sido alvos de vândalos.

O poeta Alexei Bueno cita, por exemplo, os danos sofridos pelo mausoléu do presidente Afonso Pena, no cemitério de São João Batista, no bairro de Botafogo, na Zona Sul. Um busto esculpido em mármore pelo artista plástico Rodolfo Bernadelli foi roubado.

A obra do mexicano que se naturalizou brasileiro possui valor inestimável e não se sabe do seu paradeiro. Bernadelli é um dos maiores nomes da escultura brasileira e se destacou na arte de desenhar bustos de personalidades e de obras tumulares. O sepultamento parece estar incompleto e sem arranjo arquitetônico digno de um ex-presidente da República.

No Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, a última morada do poeta Cruz e Sousa também está incompleta, conta Bueno. A estátua em bronze de um escravo foi roubada. A obra era do escultor Leão Velloso, que participou da Semana da Arte Moderna de 1922.

O Rio conta com 13 cemitérios municipais e sete privados, e a situação nos sítios públicos é a mesma. A falta de segurança faz com que o local seja alvo fácil dos assaltantes. Os cemitérios mais novos não são tão atraentes por não apresentarem sepulturas. O caixão é enterrado diretamente no chão.

Descaso

O estado de abandono nos cemitérios é agravado porque algumas famílias decidiram não repor mais o material que foi levado, por causa da repetição dos furtos a objetos em bronzes e até em pedra. Basta caminhar entre os mausoléus para perceber que outras tomaram atitude mais drástica, como um túmulo sem portão o vão foi fechado por uma parede.

Em São Paulo, pelo menos sete cemitérios da capital contam com um sistema de vigilância com câmeras para evitar furtos de peças em bronze e outros metais preciosos de túmulos. Desde o ano passado, o Serviço Funerário Municipal assinou um contrato com uma empresa particular para a instalação de câmeras em cemitérios em que esse tipo de ocorrência é mais comum.

A prefeitura pretende ampliar o programa para outro locais. Ao todo, a capital paulista conta com 22 cemitérios. O plano é instalar os equipamentos eletrônicos nos lugares em que os furtos são mais frequentes.