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Corpo de Agusto Boal será cremado domingo no Caju

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JB Online

RIO - Até no último, embora prosaico, incidente que o envolveu um tombo no dia seguinte ao último aniversário, causado por um buraco na calçada o dramaturgo Augusto Boal esteve ao lado do povo na luta contra o poder, ora discricionário, o que o levou ao exílio durante a ditadura militar, ora, no caso, simplesmente relapso. O tombo chamou a atenção para a má conservação dos pisos, que curiosamente acabou afetando até a mulher do subprefeito do Centro, um dos responsáveis pela manutenção.

Nascido no Rio em 16 de março de 1931, Augusto Pinto Boal formou-se em dramaturgia na Universidade de Columbia (EUA). No Teatro de Arena, em São Paulo, dirigiu as peças Ratos e homens (1956), de John Steinbeck, Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Viana Filho, Arena conta Zumbi (1965) e Arena conta Tiradentes (1966), ambas dele e de Gianfrancesco Guarnieri. E, no Rio, o musical Opinião (1964).

Perseguido pela ditadura militar (1964-1985), exilou-se na Argentina em 1971 e em Portugal, em 1976, quando recebeu do amigo Chico Buarque notícias frescas neste disco (Meus caros amigos, Phillips, 1976). Criou um estilo de representação, o Teatro do Oprimido junção da técnica teatral à ação social, com a participação dos espectadores que é estudado e aplicado em mais de 50 países. Ao voltar do exílio produziu os espetáculos O corsário do rei (1985) e Fedra (1986), entre outros. Em 1992 foi eleito vereador no Rio pelo PT. Em 1997 recebeu da Associação para o Teatro em Higher Education (Athe) o prêmio especial por sua contribuição ao teatro profissional. Também em março tinha sido nomeado embaixador mundial do teatro pela Unesco.

Escreveu livros como Teatro do oprimido, publicado em 25 idiomas, Ainda bem que eu nasci e Hamlet e o filho do padeiro (autobiográficos). Morreu neste sábado, às 2h40, no Hospital Samaritano, em Botafogo, de leucemia. Será cremado no domingo, no Memorial do Carmo, no Caju.