João Paulo Aquino, Jornal do Brasil
RIO - Depois do Minhocão da Rocinha, sexta-feira foi a vez de um prédio na favela da Muzema, em Jacarepaguá (Zona Oeste), ser demolido. A edificação ainda em obras, mas em fase de conclusão, tinha 14 quitinetes distribuídos em cinco andares, mas não tirara licença municipal. Os quitinetes seriam vendidos a preços entre R$ 25 mil e R$ 28 mil. O corretor Vanderlei de Oliveira chegou a anunciar os imóveis em classificados de jornais, mas não apareceram interessados. Segundo Oliveira, a obra era de um advogado e estava orçada em R$ 300 mil.
Graças a Deus, não vendemos nenhuma unidade comentou o corretor, ao ver o prédio ser demolido.
A operação foi coordenada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública, mas contou com agentes de outros órgãos da prefeitura. O subsecretário de Ordem Pública, Alex Costa, considera a repressão um exemplo para outros construtores de prédios irregulares.
Ações como esta são emblemáticas de combate não só a construções irregulares, mas a construções que são especulação imobiliária. Antes de alguém pensar em construir, vai procurar os órgãos da prefeitura para legalizar as obras disse Alex Costa, que acompanhou a demolição.
A destruição do imóvel deve durar três semanas, pois está sendo feita a marretadas. Segundo os técnicos da prefeitura, uma implosão colocaria em risco imóveis na vizinhança. O acesso de tratores fica impossibilitado por causa do terreno acidentado.
Localizada próximo a uma mata e com acesso difícil, a área onde o edifício foi erguido abriga outros imóveis, igualmente bem acabados, diferentes das construções precárias típicas das favelas.
Um levantamento está sendo feito pela Geo-Rio e pela Defesa Civil para detectar outras construções na região que também podem ser demolidas. Os moradores temem perder suas casas.
A gente espera que essas ações venham junto com a oferta de moradia popular, por exemplo pediu o morador Sandro Moura. Espaços públicos ociosos podem ser mais bem usados, existem diversos terrenos que podem ser desapropriados para fazer casas populares e serem oferecidas para as pessoas.
Barracos no Anil
Ainda na Zona Oeste, equipes da prefeitura demoliram sexta-feira oito barracos no Anil, em Jacarepaguá, que ficavam na beira de um rio. Os fiscais dizem que entre os próximos alvos estão as moradias que têm surgido no costão da Avenida Niemeyer, em São Conrado, Zona Sul.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que até o fim do governo pretende entregar 100 mil casas populares com toda a infraestrutura necessária, próximas a eixos de transportes e preferencialmente no Zona Central da cidade.