Jornal do Brasil
RIO - Em mais um dia sem votação na Câmara Municipal onde se acumulam 142 projetos de lei na ordem do dia ameaças e termos chulos tomaram o plenário, durante apresentação do relatório da CPI das Milícias, pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Entre os 226 indiciados pela CPI, o vereador Luiz André Deco (PR) manifestou raiva por ter sido apontado na investigação pela formação de curral eleitoral na favela da Chacrinha, em Jacarepaguá, na Zona Oeste.
É um relatório de merda. O meu desejo era dar um soco na sua cara disse Deco, para Freixo.
Acusado de explorar segurança, sinal de TV e mototáxi na Chacrinha, o parlamentar reagiu com um safanão à tentativa da presidente da mesa, Andréa Gouvêa Vieira (PSDB), de tirar seu microfone.
Se cortar a minha fala, acaba essa CPI agora mesmo ameaçou. O vereador Nadinho (DEM) levantou a camisa para exibir cicatrizes de um atentado que ele acredita ter sido represália por seu depoimento à CPI. Ele é um dos investigados por formação de curral eleitoral em Rio das Pedras, Jacarepaguá.
O trabalho da CPI foi corajoso e eficaz. Minha sugestão é que não se encerre agora, por causa das tentativas de homicídios sofridas por mim e pela Maria do Socorro (viúva do inspetor Félix Tostes).
Stepan Nercessian (PPS) recomendou a Freixo manter a segurança pessoal garantida pela Alerj e sugeriu ao parlamentar o uso de colete à prova de balas. Freixo admitiu que milícias ainda representam ameaça.
As milícias estão fragilizadas, mas podem recuperar a força. Sempre contaram com a conivência do poder público porque produzem voto acusou Freixo, que defendeu a formação de uma comissão mista da Câmara e da Alerj para discussão de assuntos de interesse comum.
O presidente da Câmara, Aloísio de Freiras (DEM), lamentou a demora na criação, por exemplo, de uma Comissão de Ética na Câmara, agora proposta pela CPI:
Pusemos o Código de Ética cinco vezes em votação este ano, sempre adiada. Que os vereadores percebam essa necessidade.
Aprovação unânime
O relatório da CPI foi aprovado na terça na Alerj por unanimidade, com 56 votos. Constam, entre outras, propostas de desmilitarização dos bombeiros e de tipificação dos crimes de curral eleitoral e de formação de milícia, temas que Freixo levará hoje à Brasília, pois dependem de discussão federal.
Houve a exclusão de um único nome: Chiquinho Grandão (PTB), de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, acusado de envolvimento em milícia, grilagem de terra, porte ilegal de arma e estelionato.
Ele deixa de ser indiciado, mas isso não que dizer que não vá ser investigado afirmou Freixo.