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Deslizamento de terra deixa pelo menos dez mortos em Niterói

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil ainda buscam sobreviventes no Morro da Boa Esperança; 11 foram resgatados

JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO -
Deslizamento no Morro da Boa Esperança em Niterói (RJ)
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Um deslizamento de terra e pedras deixou pelo menos dez mortos e 11 feridos na madrugada de sábado em Niterói, região metropolitana do Rio. O número de vítimas pode ser maior, pois os trabalhos de resgate seguem no local. Da noite de quarta-feira até sexta-feira, fortes chuvas atingiram o Estado do Rio, incluindo a região metropolitana, mas não houve registro de acidentes graves em outras localidades além de Niterói.

Pelo menos nove casas foram atingidas pelo deslizamento, no Morro da Boa Esperança, na chamada região oceânica de Niterói, mais afastada do Centro da cidade. Moradores relataram ao canal GloboNews que o acidente ocorreu por volta das 4 horas da manhã. O Corpo de Bombeiros do Rio foi acionado às 5h08, segundo a assessoria de imprensa do órgão.

>> Governador lamenta mortes causadas por deslizamento em Niterói

 


"Choveu muito nos últimos dois dias. Niterói estava em estágio de atenção e alerta de acordo com a área e as comunidades estavam avisadas dessa situação, com recomendação para buscarem locais seguros", disse à GloboNews o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Roberto Robadey Costa Júnior.

Sete equipes de cinco quartéis do Corpo de Bombeiros, num total de 80 homens, atuam no resgate a feridos. Moradores do local se juntaram às equipes para ajudar, voluntariamente, no trabalho de resgate. Conforme o comandante Robadey, o trabalho de remoção dos escombros e resgate das vítimas ou busca por mortos poderia levar até 48 horas.

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Deslizamento no Morro da Boa Esperança em Niterói (RJ) (Foto: JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Entre os mortos estão duas mulheres entre 50 e 60 anos e um homem de 37 anos. Entre os feridos, pelo menos duas pessoas foram resgatadas com estado de saúde estável, um homem de 43 anos e uma menina.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, seis vítimas foram para o Hospital Estadual Azevedo Lima. Duas das vítimas são crianças - uma está em estado grave e a outra, estável. Entre os quatro adultos, dois já receberam alta e dois permanecem estáveis. Já o Hospital Estadual Alberto Torres recebeu um paciente vítima do deslizamento - um adulto que apresenta estado estável.

Segundo Claudio dos Santos, que se apresentou como presidente da associação de moradores do local, algumas das casas atingidas pelo deslizamento já estavam interditadas pela Defesa Civil há cerca de um ano, mas seus donos se recusavam a deixá-las.

"As casas estavam isoladas pela Defesa Civil. Só que os moradores são complicados, não querem sair. Ontem (sexta-feira) mesmo a gente estava preocupado com essa chuva", disse Santos à GloboNews. Em entrevista o "RJTV", da TV Globo, uma moradora confirmou a interdição de algumas casas e acusou a Prefeitura de Niterói de não ter agido.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), negou que houvesse casas interditadas e descreveu o acidente como uma fatalidade, pois não se tratou de um deslizamento de encosta que poderia receber obras de contenção. "Foi a ruptura de um maciço, não foi deslizamento de encosta", afirmou Neves, por telefone, em entrada ao vivo no "RJTV". Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que "investiu mais de R$ 150 milhões em obras de contenção em 50 encostas da cidade".

O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), visitou o local na tarde de sábado. Mais cedo, Witzel havia divulgado uma nota de pesar pelas vítimas. Também em nota, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) também se solidarizou com as vítimas e disse que o governo estadual "está mobilizado em auxiliar a prefeitura de Niterói, em razão do deslizamento".

Tragédia no morro do Bumba

A tragédia deste sábado lembra outra acontecida em Niterói, de maiores proporções: em abril de 2010, no morro do Bumba, uma tempestade causou deslizamentos, provocou a morte de 48 pessoas e deixou milhares de desabrigados.

Oito anos após a tragédia, ainda há famílias que cobram as promessas de moradia. Alguns voltaram a morar no Bumba, mesmo com a prefeitura interditando as casas do local, por causa do risco de novos deslizamentos.

Segundo a Prefeitura, nos últimos cinco anos o município investiu R$ 150 milhões em mais de 50 obras de contenção de encostas em diversas regiões da cidade.

Com Estadão Conteúdo