Animação de um lado, luz amarela de outro. Os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro participam, hoje, a partir das 22h, do último debate na televisão antes da eleição, no domingo. Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC) entram sob o impacto dos números da última pesquisa de intenção de votos, divulgada na terça-feira, enquanto “duelavam” no SBT. O Ibope indicou 56% dos votos válidos para Witzel e 44% para Paes, o que representou uma redução da diferença entre os dois de 20 para 12 pontos percentuais, aumentando a expectativa para o confronto de hoje.
Na avaliação do consultor político e analista de opinião pública Henrique Serra, os números recentes deram “um gás” para o final da campanha e tornaram o debate “muito importante”, principalmente para Eduardo Paes. “É sua última chance na disputa. Precisa vencer [o debate] por nocaute. Se for por pontos, perde a eleição”, comentou Serra, pós-graduado em Comunicação, Pesquisa de Opinião Pública e Mercado, pela Uerj, e em Organização, Mídia e Comunicação em Campanhas Políticas, pelo Iuperj.
No primeiro levantamento do instituto de pesquisa, divulgado no dia 17 passado, uma semana após o primeiro turno das eleições, Witzel apareceu com 60% dos votos válidos, enquanto Paes somava 40%.
De acordo com Serra, a subida do candidato democrata pode ser explicada com a migração de votos de eleitores de centro-esquerda que, neste segundo turno, optaram por ele “até por estarem com medo da onda Bolsonaro”.
“Witzel surfou em uma onda que rolou em todo o Brasil, mas a campanha continuou, e ele ficou exposto. Um militante não muda voto, mas quem se deixou levar por uma onda pode mudar. Não há indicativo de que houve uma migração de votos do Witzel para Paes. É mais provável que as pessoas tenham ficado em dúvida em relação a Witzel”, pondera.
No PSC, a última pesquisa acendeu uma luz amarela entre a militância. Segundo o vereador Claudio Castro, vice na chapa e coordenador político da campanha, muitos que estavam “devagar” se dispuseram a aumentar a mobilização. Ele afirmou, porém, que não acredita no Ibope: “O instituto já mostrou que é tendencioso e errou completamente no primeiro turno. De qualquer maneira, 12 pontos ainda é uma distância considerável para virar em três dias”.
Castro também relativizou a importância do debate de hoje. Na sua opinião, houve excesso desse tipo de encontro entre os dois candidatos e “tudo já foi dito”. Segundo ele, a estratégia será “focar mais em propostas” porque “todos os ataques (de Paes a Witzel) já foram respondidos”.
No DEM, a pesquisa deixou a equipe de campanha “animada” com a “possibilidade de uma virada”, segundo o deputado Comte Bittencourt, vice de Paes. Ele informou que, nessa reta final, será mantida a estratégia adotada até agora “com muito trabalho de rua”, no caso, ele seguindo para o interior, enquanto Paes se dedica à Região Metropolitana.
“Agora, no segundo turno, as pessoas conhecem os dois candidatos que podem comparar. O debate de hoje é importante como todos os outros foram. Antes, não sabíamos quem estávamos enfrentando”, afirmou Bittencourt.