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ALERJ DISCUTE EM AUDIÊNCIA PÚBLICA ABANDONO DA ESCOLA DE TEATRO MARTINS PENNA
Por JB RIO
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Publicado em 27/03/2023 às 13:08
Alterado em 27/03/2023 às 13:08
As Comissões de Cultura e de Ciência e Tecnologia, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, promoveram uma audiência pública na sexta-feira (24) para discutir o abandono da Escola de Teatro Martins Penna, a primeira escola técnica de teatro da América Latina. Obras de recuperação do casarão podem levar até um ano e meio, segundo cronograma do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentado na reunião pelos dois colegiados da Alerj.
Superintendente do Iphan, Thiago Santos Mathias da Fonseca disse que o projeto de recuperação prevê quatro etapas: a inicial, com serviços de recuperação como troca de telhas. A segunda é a revisão do projeto de restauração, seguida da execução da obra. A última fase seria recuperar áreas da escola que não são tombadas.
Segundo Rodrigo Marconi, diretor da Martins Penna, o diálogo com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) começa a dar resultados positivos. "Há muito tempo existe uma displicência política com a escola, mas agora estamos conseguindo dialogar, o que já é um bom caminho. Agora, parece que estamos caminhando para ter algo concreto", disse.
A reforma da escola de teatro ainda precisa cumprir procedimentos burocráticos. Um relatório do Iphan será enviado à direção da unidade apresentando os problemas encontrados, em seguida, será iniciada a reforma. "Existe um processo de restauração já contratado e finalizado em 2014. Agora, fizemos um relatório um pouco mais complexo do que se pretendia, sugerindo algumas etapas para a recuperação, que inclui serviço de manutenção e recuperação, que são imediatos. Mas também há a revisão do projeto de restauração, ou seja, uma atualização, e a terceira etapa será a execução da obra", explicou o representante do Iphan.
Liceu abrigará a escola
O primeiro resultado positivo do diálogo entre Faetec e Martins Penna foi a divulgação da escolha do espaço para onde serão transferidas as aulas. De acordo com Caroline Alves, presidente da Fundação, foi assinado um contrato para que o prédio do antigo Liceu de Artes e Ofícios, também no Centro do Rio, receba as atividades da Martins Penna, até que a sede da escola seja reformada. "Já fizemos a limpeza, agora faltam alguns detalhes, mas em breve os alunos já poderão voltar às aulas", afirmou.
A preocupação da presidente da Comissão de Cultura, Verônica Lima (PT), é de que a transferência das aulas da Martins Penna para o Liceu seja apenas provisória e que a obra do prédio oficial seja concluída. “A gente tem que ter acesso ao cronograma de obras, esse processo licitatório tem que ser bem elaborado, para não dar deserta a licitação e atrasar ainda mais as obras. A Comissão de cultura está em cima cobrando e acompanhando todo esse processo, como também uma série de demandas que foram levantadas aqui”, disse a deputada.
Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Elika Takimoto (PT) também destacou a importância do diálogo entre Faetec e a Martins Penna. “A rotatividade de presidentes na Faetec prejudicava muito. O fato de ter uma presidenta que está aberta ao diálogo sinaliza que podemos ter esperança que as coisas aconteçam” afirmou a parlamentar.
Problemas se acumulam
Há anos, a escola enfrenta problemas estruturais em seus prédios, que possuem um projeto de reforma elaborado em 2014. Recentemente, o casarão onde nasceu Barão do Rio Branco, construído no final do século XVIII, foi interditado pela Defesa Civil devido a rachaduras, infiltrações e risco de desabamento. Um dos teatros da escola sofre com infestação de cupins, e a sala que abriga o acervo histórico da escola está em risco de deterioração, com goteiras e infiltrações.
A situação crítica levou à suspensão das aulas na escola. Depois de anos de incertezas e abandono, a audiência pública apresentou uma luz para a comunidade escolar da Martins Penna. A audiência contou com a presença de estudantes, ex-alunos, professores da instituição e representantes do poder público.