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Cabral diz que Paes recebeu R$ 6 milhões em caixa dois

Ex-governador prestou depoimento hoje ao juiz Marcelo Bretas

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O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral disse, durante depoimento na 7ª Vara Federal Criminal, que o empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, atualmente foragido da Justiça, contribuiu com R$ 6 milhões, em caixa dois, para a campanha do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, em troca de ganhar uma licitação para oferecer serviços no Centro de Operações Rio (COR). O ex-prefeito nega ter recebido doações irregulares.

“Em 2008 eu consegui convencê-lo [Arthur] a ser o maior doador da campanha de Eduardo Paes. Ele deu cerca de R$ 6 milhões, até mais do que pra mim, na campanha do Eduardo. Houve depois um certo ruído entre ele e o Eduardo, porque ele reclamou que o Eduardo não o atendia com contratos. Acabou sendo atendido na área da saúde e também na área do centro de controle da prefeitura, o centro de operações, aí ele ganhou a concorrência. Foi endereçada para ele, para contemplar pela ajuda dele na campanha eleitoral”, disse o ex-governador, nesta segunda-feira (1º), ao juiz Marcelo Bretas.

Cabral explicou que Paes, em sua primeira campanha à prefeitura, detinha percentuais muito baixos de intenção de votos e que seria necessário injetar dinheiro na campanha para viabilizá-lo eleitoralmente.

Procurado para se pronunciar sobre as declarações de Cabral, o ex-prefeito do Rio respondeu em nota, dizendo que todas as doações feitas para as campanhas dele sempre foram realizadas de forma voluntária e espontânea.

"Todas as doações feitas para as campanhas de Eduardo Paes sempre foram realizadas de forma voluntária e espontânea. As doações foram declaradas e devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Aliás, o próprio Sr. Sérgio Cabral já admitiu perante o Juiz Marcelo Bretas que Eduardo Paes não fazia parte da sua organização."

Cabral pediu para ser reinterrogado na 7ª Vara Federal Criminal, a fim de trazer novos elementos aos autos, sobre a operação Unfair Play, que investiga, entre outras coisas, irregularidades na campanha vitoriosa para o Brasil sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Fontes ligadas ao ex-prefeito acreditam que Sérgio Cabral tenha sido novamente perguntado sobre confissão do ano passado. Na ocasião, ele afirmou também que Eduardo Paes "jamais recebeu nenhum tipo de benefício." Cabral havia dito que Arthur Soares havia sido o maior contribuinte de sua campanha em 2006, com cerca de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões. "Ele deu para Eduardo Paes, se não me falhe a memória, alguma coisa em torno de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões."

Na próxima quinta-feira (4), Cabral adiantou que falará especificamente sobre o processo, sobre o qual recaem suspeitas de favorecimentos a comitês olímpicos para votarem no Rio como sede.

Com Agência Brasil

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cabral | justiça