
O desconhecido gera medo. Muitas pessoas utilizam esta frase para diversas situações da vida, como para o início em um novo emprego e até para o aprendizado em matemática. Para este último exemplo há ainda um fator agravante: o de as crianças e adolescentes, em fase de aprendizado escolar, que não encontram instituições educacionais capazes de gerar nelas o fascínio pela matéria. Por esta razão, foi criado o Matematicamente, uma academia de matemática localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com objetivo de estimular o gosto e o interesse pela resolução de problemas de matemática e instigar alunos com desafios maiores, ajudando-os a desenvolver seus potenciais ao máximo.

A mente por trás do Matematicamente é uma das referências do ensino no país, o professor Luciano Monteiro de Castro, e a ideia de criar a academia surgiu através da prática de Luciano observar o enorme efeito positivo de desafiar os alunos com problemas interessantes, de acompanhar o desenvolvimento de centenas de alunos desde quase zero até níveis altíssimos de maturidade, criatividade, conhecimento e capacidade de resolução de problemas. Também houve forte influência do ensino praticado em países com tradição em olimpíadas de matemática, especialmente os do leste europeu, como Rússia, Romênia, Hungria, Bulgária e Polônia, que o professor conheceu em viagens para Olimpíadas internacionais, integrando a Seleção Brasileira de Matemática, e conversas com educadores locais que mantém há mais de 15 anos.
Como o próprio Luciano diz: “A Matemática é interessante, divertida e fundamental para o desenvolvimento humano. Se você concorda, o Matematicamente é para você. Se você discorda, também”. Sendo assim, a academia é indicada para quem gosta ou quer aprender a gostar da matéria. E para gerar divertimento e facilidade de aprendizagem para os estudantes, a sua estrutura foi projetada de tal forma que todas as paredes da instituição e até a porta da sala é usada como quadro, onde os alunos podem escrever fórmulas e equações e resolver problemas. Luciano afirma que a escolha desta proposta foi para tornar ainda mais lúdica a vivência dos estudantes: “A ideia das ‘paredes/quadros’ foi de ter vários grupos trabalhando em vários problemas ao mesmo tempo, pois queremos que todos possam ver, opinar, criticar, contribuir com o trabalho dos colegas. Também queremos usar a tecnologia para fazer gráficos, desenhos, contas em planilhas, escrever códigos, projetarmos a imagem e rabiscar por cima dela na parede”.
Além deste aspecto conceitual, a metodologia consiste na construção coletiva e na cooperação mútua na resolução de problemas, instigando cada aluno com desafios progressivamente maiores a fim de desenvolver seu potencial ao máximo e gerar ainda mais capacidade e raciocínio. A matemática é ensinada para pensar. A troca de ideias entre os alunos é estimulada para se chegar a uma solução ou a várias. Então, são analisadas as soluções para descobrir métodos que podem ser usados para resolver outros problemas. A experiência acumulada resolvendo problemas ajuda a atacar novos problemas e os alunos passam a ser cada vez mais capazes de enfrentarem desafios cada vez mais difíceis.

"O caminho para o progresso individual e coletivo é o trabalho. E os problemas mais difíceis são os que mais nos ensinam. Sabemos que ao tentar resolvê-los cometeremos erros, e com cada erro aprendemos e nos aproximamos de uma solução. Entendemos a necessidade de conviver com a dúvida, insistir e tentar várias vezes"; ressalta.
Divididas em três projetos, “Matemática para Pensar” (que possui quatro turmas separadas por escolaridade), “Matemática para Professores” e “Matematicamente Internacionais”, as aulas são voltadas a estudantes a partir de 8 anos e para educadores. Para os professores, o foco é o aprofundamento na matéria, quer seja para melhorar a aula, capacitar-se para encarar turmas mais exigentes, como preparatórios para escolas militares, IME, ITA e Olimpíadas de Matemática, ou concursos.
O projeto “Matematicamente Internacionais” é indicado a alunos(as) interessados(as) em representar o Brasil em competições internacionais de Matemática ou, então, os que são muito avançados e queiram aprofundar-se na matéria. Este trabalho começou antes mesmo da inauguração da academia, com um grupo de sete alunos que tem uma aula semanal de quatro horas e sessões individuais de tutoria. O projeto foi viabilizado graças ao apoio de um patrocinador anônimo, permitindo que os alunos tenham bolsas integrais ou parciais.
E já rende frutos: dois deles, Felipe Chen Wu e Guilherme Zeus Dantas, integrarão a Seleção Brasileira na Olimpíada Internacional de Matemática. A competição ocorrerá entre os dias 11 e 22 de julho na cidade de Bath, no Reino Unido. Estudantes de mais de 100 países são esperados para a disputa. A ideia é estender essa iniciativa para que mais patrocinadores possam investir no desenvolvimento pessoal e profissional de jovens com aspirações extraordinárias. "Amamos aprender e ensinar, amamos enfrentar desafios, superar limites e ajudar outros a fazerem o mesmo" define Luciano.
O idealizador da academia, que também integra a comissão organizadora da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), analisa o cenário atual da matemática no Brasil e afirma ser preciso avançar muito, tendo em vista a alta taxa de “analfabetismo em matemática” que persiste, mas iniciativas recentes, como a OBMEP e o PROFMAT, têm ajudado a, pelo menos, gerar oportunidades àqueles que desejam aprender mais e melhor, tanto alunos como professores. “Nossos melhores alunos são extraordinários e formamos matemáticos, físicos, químicos, engenheiros, por exemplo, de altíssimo nível, capazes de contribuir com a ciência e com a sociedade no mais alto patamar, em qualquer lugar do mundo”, finaliza.
O Matematicamente fica na Avenida das Américas, 11365, sala 230, na Barra da Tijuca, RJ. Contato: ww.matematicamente.xyz