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Beth Carvalho sai de cena sob aplausos e com roda de samba

Caixão foi transportado em caminhão do Corpo de Bombeiros para cremação no Cemitério do Caju, em cerimônia restrita à família

Tânia Rêgo/Agência Brasil -
Familiares, amigos e fãs se despedem de Beth Carvalho
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Ao som de sucessos que marcaram sua carreira e com bandeiras do Botafogo e da escola de samba Mangueira, o corpo de Beth Carvalho começou a ser velado na manhã desta quarta-feira (1º), na sede do clube de futebol, na zona sul do Rio de Janeiro.

A cantora morreu nesta terça, aos 72 anos, após uma infecção generalizada. Ela estava internada no hospital Pró-Cardíaco e faria aniversário no domingo (5). Para celebrar a data, um show com amigos e outros sambistas estava agendado para ocorrer no mesmo dia, na casa de shows Vivo Rio, no bairro do Flamengo.

Muitos desses amigos, ao lado de parentes e fãs, compareceram ao velório e prestaram homenagens.

Por volta de 11h10, o cantor Zeca Pagodinho chegou ao clube e causou alvoroço entre fãs. Após ele se aproximar do corpo de Beth Carvalho, alguns presentes começaram a cantar, juntos, a música "Andança", sucesso da sambista, seguida de aplausos.

"São muitas lembranças. É difícil... Não sei nem o que falar", disse Zeca, emocionado.

"Era a madrinha para todo mundo. Ela botou muita gente lá em cima. Eu costumo brincar que eu era só um compositor, mas virei o Zeca Pagodinho por causa dela. Meu negócio era compor, ela me colocou para cantar 'Camarão que Dorme a Onda Leva'", lembrou o cantor.

Dudu Nobre também chegou cedo à cerimônia e falou sobre a tristeza da perda.

"Cinco anos atrás fizemos uma turnê, eu, ela e Arlindo Cruz. A gente via que ela estava ali batalhando, lutando pela vida, lutando para continuar cantando, tanto que tinha um show já marcado. O último espetáculo dela no Rio de Janeiro foi muito emocionante", disse.

"Além de entrar para história como a Madrinha do Samba, ela entra como uma guerreira. Uma pessoa que venceu muitos tabus. Beth foi uma guerreira que lutou pela vida", continuou Nobre.

A cantora Teresa Cristina também foi ao velório e destacou o caráter de Beth Carvalho. "Sempre foi uma mulher de coragem e nunca teve medo quando o Brasil precisou dela", apontou a artista.

Ao lado dela, a cantora e compositora Zélia Duncan afirmou que o Brasil está de luto. "Uma mulher corajosa, que dava suas opiniões, sempre ao lado do Brasil. Uma mulher de uma teimosia, que fez história", disse.

O cantor Jorge Aragão, outro que era amigo e chamava Beth Carvalho de madrinha, despediu-se do corpo da artista por volta das 12h45. "Talvez eu tenha vindo aqui para celebrar a vida dela", disse Aragão, antes de uma pausa para segurar as lágrimas. "Papai do céu, tome conta dela", pediu.

"Nesta hora é muito clichê dizer que tem festa no céu. Prefiro deixar guardado. Não sei explicar. Não é um momento em que consigo falar, não consigo falar com ninguém", disse.

Por volta de 15h, nomes da política carioca deram uma breve passada pelo velório, em momentos distintos. Primeiro, foi a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). Depois, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Eles acompanharam a roda de samba que tocava em homenagem à cantora.

Desde o começo do velório, dezenas de coroas de flores chegaram à sede do Botafogo. A primeira delas trazia os dizeres: "O samba perde sua madrinha, o Brasil uma filha guerreira e eu uma grande amiga, gratidão para sempre", com a assinatura de Lula.

Outra, ao lado, dizia: "Condolências do presidente Lula e executiva nacional do PT". A cantora tinha bastante ligação com a política, em especial com o ex-presidente, hoje preso, e o Partido dos Trabalhadores.

Faixas com referências a Zeca Pagodinho, sambistas da Lierj, Clube Atlético Mineiro, grupo Fundo de Quintal, Portela, Cordão da Bola Preta e à Mangueira, escola da cantora, também decoram o salão onde acontece a cerimônia.

O velório de Beth Carvalho foi marcado por muito samba tocado por membros da escola de samba Mangueira, que trouxeram instrumentos e seguiram cantando músicas da artista durnate a tarde. Em certo ponto, o hino do Botafogo também foi entoado por torcedores.

O velório começou às 10h, em cerimônia aberta, e reuniu diversos fãs com as camisas do Botafogo e da Mangueira.

O corpo de artista deixou o clube por volta de 16h em cortejo levado por um caminhão do Corpo de Bombeiros. Ele foi em direção ao crematório do Caju, na zona norte do Rio de Janeiro, onde uma cerimônia restrita à família estava marcada. Beth Carvalho saiu do Botafogo sob aplausos de fãs e sambistas cariocas.