Pablo Felipe Morais Soares de Andrade, advogado de Orlando Curicica, entrou com pedido de impeachment do prefeito do Rio Marcelo Crivella nesta quinta-feira (28). Uma das alegações seria a compra de terrenos em Rio das Pedras, área de milícia, feito por Crivella através de pedalada fiscal.
A Câmara prepara manobra para tirar o prefeito do cargo com nova proposta de mudança à Lei Orgânica do Município e pedido de impedimento. Cesar Maia seria o nome para assumir o mandato de forma indireta.
A Câmara está disposta a tirar o prefeito Marcelo Crivella do cargo o mais rápido possível. Além de amargar sofríveis índices de popularidade, a falta de habilidade política fez com que os planos de afastá-lo do poder ganhasse corpo, inclusive dentro do Centro Administrativo São Sebastião. No fim da tarde de quinta-feira (28), o advogado Pablo Felipe Morais Soares de Andrade protocolou na Câmara um pedido de impeachment de Marcelo Crivella. A iniciativa foi confirmada pelo presidente da Casa, vereador Jorge Filippe (MDB), que anunciou avaliar a denúncia que publicada nesta sexta (29), em Diário Oficial. O que chama a atenção são as ligações do advogado Pablo Felipe. Ele responde pela defesa de Orlando Oliveira Araújo, o miliciano Orlando de Curicica.
O motivo do pedido de impeachment seria a compra de terrenos em Rio das Pedras feita por Crivella, através de pedalada fiscal. Rio das Pedras é uma conhecida área de milícia conflagrada na Zona Oeste do Rio. Pablo Felipe responde por defesa de milicianos e, segundo as más línguas, o vereador Marcello Siciliano (PHS), suspeito de ter envolvimento com a morte de Marielle Franco, estaria por trás do pedido.
Mas Marcello Siciliano não está sozinho. A Câmara, graças a inércia e falta de articulação do secretário da Casa Civil, Paulo Messina, não desistiu de alterar a lei Orgânica do Município para decretar o fim da desastrosa era Crivella. Apesar de a primeira tentativa de alteração da LOM ter ido por água abaixo na terça-feira, o projeto volta com nova roupagem na próxima semana.
A abstenção do Psol, que alegou se tratar de um golpe, e a do vereador do Novo, Leandro Lyra, derrubou a manobra para alterar a Lei Orgânica do Município em seu artigo que trata da vacância de poder do Chefe do Executivo. O parágrafo primeiro do artigo 104 prevê que a vacância de poder nos últimos 12 meses de mandato ensejaria eleição indireta pela Câmara de um novo prefeito. Os vereadores queriam que o texto fosse o mesmo previsto nas Constituições federal e estadual, ou seja: eleições indiretas já a partir de vacância de poder do Chefe do Executivo nos últimos 24 meses.
Apesar de não poder apresentar novamente o mesmo projeto este ano, uma vez que foi derrubado em plenário, os vereadores decidiram apresentar até a próxima terça-feira um pacote de alteração à Lei Orgânica do Município no qual será suprimido o parágrafo primeiro do artigo 104. Aprovada a supressão, valerá o que prevê as Constituições federal e estadual com relação à vacância de poder do Chefe do Poder Executivo. Somado ao projeto de impeachment, Crivella estaria fora do poder até o fim da próxima semana. Uma vez aprovado o andamento do pedido do impeachment, Crivella terá que deixar imediatamente o cargo.
CESAR MAIA PARA PREFEITO INDIRETO
O clima no Piranhão está pesado. Crivella já acusa o golpe e sabe que pode cair. Na quarta feira (27), o secretário da Casas Civil, Paulo Messina, se reuniu com o líder do governo, vereador Jairinho (MDB), que votou contra Crivella pela mudança da LOM, e outros vereadores como Jones Moura (PSD), dispostos a encurtar o mandato do prefeito, para tratar do futuro de Crivella. Na reunião, foi tratado o nome para a eleição indireta que se desenha. O mais cotado é o do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que também votou a favor da mudança da LOM, contra Crivella. Os vereadores estão irritados com a inércia de Crivella que prometeu e não cumpriu. Não fez a reforma do secretariado e até agora não nomeou para uma secretaria de Empregos o neto do presidente da Câmara, deputado Jorge Felippe Neto (PSD), como estava acordado. A semana que vem será decisiva para o futuro do bispo prefeito.