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Festa da inclusão nas ruas

Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira reafirma neste ano a diversidade do carnaval do Rio, a marca de seus oito blocos

Alessandro Buzas/AE -
Ontem foi dia, entre outros, do Fogo e Paixão (acima), marcado por diversos foliões que combinaram fantasias em grupo, e do Suvaco de Cristo, que contou com compositores vestidos a caráter (à esquerda)
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A Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira reafirma, este ano, sua característica principal, a de tentar representar a diversidade do carnaval de rua. A associação carnavalesca reúne oito blocos cariocas Orquestra Voadora, Céu na Terra, Vagalume O Verde, Toca Rauuul, Quizomba, Laranjada, Último Gole e A Rocha , que saem às ruas no Centro e na Zona Sul do Rio. "Daí a variedade de estilos e ritmos musicais", diz o presidente da Liga, Rodrigo Rezende.

Em função das temáticas discutidas na atualidade no país, a Orquestra Voadora prepara uma tenda que funcionará com profissionais convidados para conscientizar a população sobre o combate à violência contra as mulheres, em parceria com o coletivo Todas por Todas. Também atento aos assuntos debatidos pelos brasileiros no momento, o Céu na Terra, cujo enredo é "Fé menina e Fé menino", se apresentou no sábado.

Macaque in the trees
O bloco Fogo e Paixão desfila pelo Centro da Cidade, atraindo muitas pessoas durante o pré-carnaval do Rio de Janeiro, neste domingo (24). (Foto: Márcio Mercante/AE)

Outro bloco, o Quizomba, que se concentra no Circo Voador, na Lapa, é apadrinhado pela cantora Roberta Sá, e traz este ano o enredo "Carnaval da Diversidade", com 200 batuqueiros, entre meninos e meninas, vestidos com saias das cores do arco-íris e muita purpurina. No desfile do bloco ecológico Vagalume O Verde, haverá coleta seletiva durante todo o evento, em parceria com uma cooperativa de catadores, além do plantio de mudas nativas da Mata Atlântica. O objetivo é compensar os danos do cortejo, que sai no bairro do Jardim Botânico. "Os blocos estão antenados e traduzindo no carnaval os problemas enfrentados no Brasil, mas de uma forma mais leve", disse Rodrigo Rezende.

A Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira abraçou também este ano a causa do coletivo Não é Não, que distribui tatuagens temporárias contra o assédio às mulheres. "O carnaval sempre foi e sempre será uma festa popular que celebra as diferenças, que aborda os temas sociais da nossa comunidade e que brinca com essas questões de forma consciente e divertida", explicou.

Segundo o presidente da Liga, mais de 600 mil foliões brincam nos oito blocos durante o carnaval. A expectativa este ano é de aumento desse número. A Liga conseguiu um patrocínio parcial, que vai garantir todos os desfiles. Este será o sétimo carnaval da Liga. A agremiação tem como padrinho o centenário bloco Cordão da Bola Preta e é considerado uma das mais organizadas da cidade. Ela prega a brincadeira com respeito e união, de forma democrática e gratuita para todos.

Programação

Macaque in the trees
Ontem foi dia, entre outros, do Fogo e Paixão (acima), marcado por diversos foliões que combinaram fantasias em grupo, e do Suvaco de Cristo, que contou com compositores vestidos a caráter (à esquerda) (Foto: Alessandro Buzas/AE)

A Orquestra Voadora, que atrai multidões no Aterro do Flamengo, celebra dez anos de existência em 2019 e desfila na terça-feira de carnaval, dia 5 de março, às 13h. A banda é formada por mais de 350 músicos, com predominância de instrumentos de sopro e percussão que dispensam o uso de energia elétrica. O abre-alas do bloco conta com 100 pernas de pau que fazem a alegria dos foliões.

Criado em 2001, o bloco Céu na Terra volta a desfilar em Santa Teresa no próximo sábado, com concentração a partir das 7h. O Quizomba desfila nos Arcos da Lapa no dia 9, às 11h. Apresenta repertório eclético, que vai do funk ao maracatu, tocando também este ano o carimbó, ritmo tradicional do Pará.

Nascido no Horto Florestal, o bloco ecológico Vagalume O Verde tem desfile programado para a terça-feira 5, às 10h, no Jardim Botânico. A concentração terá início às 8h. O bloco incentiva a preservação ambiental na cidade e a conscientização das pessoas em relação à natureza.

A Rocha, bloco da Gávea, traz este ano o enredo "Rio Bahia", tocando, além do tradicional samba de enredo, músicas típicas baianas. O desfile também está marcado para o dia 5, às 8h, na Praça Santos Dumont, na Gávea.

O bloco Último Gole este ano estará de endereço novo. A concentração será no Corte de Cantagalo, na Lagoa, também no dia 5, a partir das 14h. Os integrantes prometem muito samba raiz a partir das 17h até as 22h.

No domingo, às 9h, o bloco Laranjada sai na Praça Jardim Laranjeiras, na Rua General Glicério, em Laranjeiras, animado pela bateria de percussão Puro Suco, formada por ritmistas mulheres, em sua grande maioria.

O Toca Rauuul também sai no domingo de carnaval, às 14h, e faz tremer a Praça Tiradentes, no Centro, com repertório inspirado no músico Raul Seixas, apresentando uma mistura de rock com baião e outros gêneros musicais. O enredo escolhido para o carnaval deste ano é "A solução é alugar o Brasil". A filha do cantor, Viviane Seixas, deve prestigiar o bloco.

Blocos atraíram milhares ontem

Diversos blocos tradicionais do Rio saíram às ruas ontem. O cortejo do Cordão do Boitatá, bloco que desfila à moda antiga, tocando com som acústico marchinhas e músicas tradicionais, saiu pouco antes das 9h, mas já debaixo de sol forte. Formado por músicos, o Boitatá apresentou seu tradicional repertório de marchinhas, sambas, maxixes, jongos e afoxés e volta no domingo que vem, na Praça Quinze, com concentração às 11h.

O Bloco da Preta, da cantora Preta Gil, atraiu milhares de foliões ao Centro, em seu décimo carnaval, incluindo artistas globais, como a atriz Carolina Dieckmann, madrinha do grupo. O Suvaco de Cristo também atraiu uma multidão ao Jardim Botânico e também marcou sua passagem com muitas fantasias fazendo críticas à política brasileira e fluminense. O Fogo e Paixão também levou um povaréu ao Centro da Cidade, com muitos foliões aderindo às fantasias em grupo.

O Tá Pirando, Pirado, Pirou! saiu na Urca. Formado por usuários e profissionais da rede pública de saúde mental do Rio de Janeiro, familiares dos usuários e simpatizantes da causa de uma sociedade sem manicômios, o bloco carnavalesco foi às ruas defendendo a reforma psiquiátrica.

Após a frustração de não sair no ano passado, devido a problemas de patrocínio, o Timoneiros da Viola voltou à tradicional Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz, onde saiu pela primeira vez, há sete anos, homenageando o trio fundador da Portela: Paulo da Portela, Antonio Rufino e Antonio Caetano. Padrinho do bloco, o compositor Paulinho da Viola marcou presença. (Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

Márcio Mercante/AE - O bloco Fogo e Paixão desfila pelo Centro da Cidade, atraindo muitas pessoas durante o pré-carnaval do Rio de Janeiro, neste domingo (24).