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Operação no Rio mira em suspeitos de ligação com assassinato de Marielle

Afp e Agência Estado -
Marielle Franco (14 de março)
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Uma força-tarefa da Polícia Civil do Rio e do Ministério Público do Estado cumpriu nesta terça-feira, dia 22, mandados de prisão contra milicianos que atuam na zona oeste do Rio. Eles são acusados de grilagem de terras. Dentre os acusados estão um major da Polícia Militar e dois ex-PMs.

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Marielle Franco (14 de março) (Foto: Afp e Agência Estado)

Pelo menos cinco pessoas foram presas. Eles são suspeitos de terem participação nos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes.

Em dezembro passado, o general Richard Nunes, então secretário estadual de Segurança Pública do Rio, revelou ao jornal O Estado de S. Paulo que milicianos ligados à grilagem de terras e que atuam na zona oeste da capital haviam ordenado a morte da vereadora.

A ação desta terça-feira mira no grupo que atua em Rio das Pedras, considerado o mais perigoso do Rio, mas os agentes estiveram também em outros endereços da zona oeste, como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem Pequena.

Presos

Os presos são os seguintes: o tenente reformado Maurício Silva da Costa, que seria o chefe do grupo de milicianos, posto que dividia com o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães; Ronald Paulo Alves Pereira, o major da PM conhecido como Major Ronald ou Tartaruga, Laerte Silva de Lima, Manoel de Brito Batista, o Cabelo e Benedito Aurélio Ferreira Carvalho.

Segundo nota do MPRJ, as investigações, realizadas por meio de escutas telefônicas e notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia, “evidenciam que os denunciados estão envolvidos em atividades de grilagem, construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal de arma; e extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a ‘serviços’ prestados.

Eles são acusados, ainda, de ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio de ‘laranjas’; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; uso da força como meio de intimidação e demonstração de poder, para manutenção do domínio territorial na região de Jacarepaguá.

Segundo ainda o Ministério Público, foram denunciados Ronald Paulo Alves Pereira (conhecido como major Ronald); Marcus Vinicius Reis dos Santos (Fininho); Manoel de Brito Batista (o Cabelo); Júlio Cesar Veloso Serra; Daniel Alves de Souza; Laerte Silva de Lima; Gerardo Alves Mascarenhas (conhecido como Pirata); Benedito Aurélio Ferreira Carvalho (o Aurélio); Jorge Alberto Moreth (Beto Bomba), Fabiano Cordeiro Ferreira (Mágico) e Fábio Campelo Lima.

Apuração

O MPRJ informou que “as relações estabelecidas entre os criminosos e a natureza das funções desempenhadas por cada um deles na hierarquia da organização, tais como segurança (ou braço armado), agente de cobrança de taxas, lavagem de dinheiro (na figura de laranjas), agiotagem e forte atuação no ramo ilegal imobiliário”.

A denúncia indica que o Capitão Adriano, o Major Ronald e o tenente reformado da PM Maurício Silva da Costa são os líderes da organização. Já Jorge Alberto Moreth (o Beto Bomba) é presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras, cargo que, segundo o MP, “foi conquistado a partir de ameaças e uso de força, sendo exatamente nesta organização social onde se consolidam as transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas”.

Homicídios

As informações divulgadas pelo Ministério Público sustentam que alguns dos integrantes do grupo também respondem pelo homicídio de Júlio de Araújo, em 24 de setembro de 2015. Araújo foi executado a queima roupa com disparos de arma de fogo desferido em sua cabeça, no que o MP acredita ter sido um crime de queima de arquivo.

Na denúncia, o MPRJ requer a condenação dos denunciados, incursos, com variações conforme a atuação de cada um, em penas que vão desde acusações de promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa, com pena de reclusão de três a oito anos, e multa; até acusações de assassinatos.

>> Flávio Bolsonaro homenageou em 2004 suspeito de participar da morte de Marielle

Tags:

civil | marielle | rio