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Restauração de grafite de Marielle

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Dessa vez não vai ter choro nem vela, mas uma celebração movida a alegria, durante a reconstituição do painel sobre Marielle Franco criado pela ativista paquistanesa premiada com o Nobel da Paz Malala Yousafzai, no dia de seu aniversário de 21 anos, em 12 de julho na comunidade Tavares Bastos, no Catete, na Zona Sul. O grafite foi vandalizado com tinta preta no dia 10 de dezembro. A festa, organizada pela companheira de Marielle, Mônica Benício, na data em que se completam dez meses da morte da vereadora do PSOL, acontece hoje, a partir das 18h, e vai reunir vários coletivos. “Vamos fazer a Resistência Sapatão por Marielle Franco na Tavares?”, convida Mônica no release sobre o evento.

Planejado para acontecer no fim do ano passado, o evento acabou sendo atropelado por compromissos do concorrido período de festas. “Dessa vez, a ideia é fazer um encontro alegre, mais para cima, mais a cara de Marielle”, descreve Mônica. Passados mais de 300 dias da morte da vereadora carioca e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, a viúva considerou “vergonhosa” a recente declaração do general Braga Netto, que comandou a Intervenção Federal no Rio, de que ele poderia ter divulgado a autoria do assassinato mas preferiu não assumir o protagonismo sobre o caso, embora a morte tivesse ocorrido durante a intervenção. “Eu também poderia falar em ‘achismos’. Tivemos garantias de que o caso seria desvendado até o dia 31 de dezembro, quando terminou a intervenção. Não é o caso de achar, e, sim, de ter certeza sobre a autoria”, fulminou a viúva.

A própria Mônica assume as rédeas da restauração, com a mesma técnica de estêncil usada por Malala, durante a oficina com o coletivo de mulheres lésbicas grafiteiras Rede Nami. O grupo é integrado ainda pela famosa Panmela Castro, autora de outro grafiti com o rosto de Marielle, pintado em novembro, na mesma comunidade, também vandalizado e já recuperado pela artista. Panmela tem motivos pessoais para continuar zelando, literalmente, pela imagem da vereadora assassinada. Marielle a ajudou a formalizar uma denúncia contra um ex-namorado em 2017, que passou dez anos atacando seus grafites. “Depois que terminei com ele meu trabalho disparou”, lembra ela.

Outro coletivo que participa da festa é o bloco Mulheres Rodadas, que vai fazer uma versão sobre “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, “que tem tudo a ver com Marielle”, acrescenta Renata Rodrigues, fundadora do grupo. “Além da homenagem e da alegria da festa, será mais um movimento para pedir justiça. Como diz a Mônica Benício, se pararmos com a pressão, as pessoas vão esquecer do que aconteceu”, explica Renata.

Durante a festa, será exibido o curta “Paná Panã”, feito pelo Favela Cineclube. Haverá distribuição de cartazes com a imagem original do grafite de Marielle desenhado por Malala, além da participação dos grupos Baque Mulher e Chora, entre outros.