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Seca na Praça Paris: Desligados há um ano, previsão da prefeitura para reativar chafarizes ficou para o 10 semestre de 2019 religamento no 10 semestre de 2019

Marcos Tristão -
O gari Cléber da Cunha poda a topiara em formato circular
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Agora que o verão está chegando, o desligamento dos chafarizes da Praça Paris – três névoas circulares, cujo esguicho central chega a atingir 15 m de altura, além de quatro golfinhos, réplicas dos existentes nos Jardins de Versailles, na França - passa a saltar mais aos olhos, após praticamente um ano sem funcionar, conforme denúncia do Informe JB. Desde que a praça situada na Glória, na Zona Sul, foi cercada, em 1992, a manutenção foi aprimorada e o lago de 1.600 m² deixou de ser usado como piscina da população de rua, graças também à presença da guarda municipal. Hoje, a equipe da Comlurb foi reduzida, a guarda permanece policiando a área de 48 mil m², porém, perdeu os veículos elétricos e foi obrigada a apelar para gambiarras para vedar falhas no gradil.

Outra queixa comum aos frequentadores é a ausência de banheiros públicos, definitiva para a mudança de endereço dos grupos de idosos que costumavam praticar Tai Chi Chuan no belo espaço, projeto do arquiteto Alfredo Agache, inaugurado em 1929 com o material de aterro do Morro do Castelo. Depois da reforma de 1992, a praça parecia ter recuperado seu glamour, contudo, dez anos depois, já era necessária uma nova recauchutagem, promovida na gestão de Eduardo Paes. Passados seis anos, o espaço volta a dar sinais de agonia, embora atraia uma frequência diária de aproximadamente 500 pessoas – a maioria corredores que percorrem a circunferência de 1,7 km paralela ao gradil, e vizinhos que levam seus cães para passear -, volume que chega a dobrar nos fins de semana.

Os arbustos podados em formatos quadrado e circulares mantêm seu design, típico dos jardins franceses, graças à dedicação do gari Cléber André da Cunha, 53, que já trabalha ali há muitos anos e chegou a fazer curso para aprender a técnica da topiaria. “É um trabalho gratificante. Os redondos são mais rápidos de aparar, levam apenas um dia, enquanto os quadrados são mais trabalhosos, pela necessidade de movimentar mais a escada, e consomem dois dias de trabalho”, relata. Tudo isso era mais fácil de ser feito quando a equipe somava seis pessoas. Hoje é muita coisa para uma pessoa só, como comprovam os vestígios de mato que brota aqui e ali.

Além da frequência habitual, o público varia de acordo com as estações. No inverno, é comum encontrar ali grupos que aproveitam o espaço ao ar livre para treinar para as quadrilhas de São João. No verão, é a vez de reunir pequenos grupos que ensaiam para os blocos de carnaval durante o horário que o portão lateral permanece aberto, das 6h às 22h. “Adoro esse espaço. Ando aqui diariamente, é relativamente seguro. É verdade que há desocupados, mas nunca ninguém mexeu comigo. No verão, à noite, tem ensaios da banda da fanfarra, muito gostoso. O que faz falta é um banheiro público, o trecho perto do respiradouro do metrô vira um mictório”, diz a economista Maria Alice Magalhães, 59 anos, moradora da Glória.

A dona de casa Sandra Oliveira, 40 anos, moradora de Santa Teresa, resolveu parar para ver as topiaras de perto quando passava por ali com as filhas, e quem se esbaldou foi a caçula, Isabele, 10 anos, que aproveitou os gramados para praticar as piruetas que aprendeu nas aulas de ginástica. Já o casal de gaúchos de Porto Alegre Neila e Ricardo Garcia, 60 e 61 anos, respectivamente, costuma frequentar a Praça Paris quando vem ao Rio visitar o filho, que mora na Glória. Depois da caminhada, os dois descansavam à sombra das amendoeiras. “Devia ter pelo menos um banheiro. E infelizmente cada vez que venho ao Rio encontro um número maior de moradores de rua”, lamenta Neila.

A gerência de Chafarizes e Monumentos, subordinada à Seconserma, informa que já realizou algumas intervenções de manutenção nos chafarizes da Praça Paris. “Contudo, para que o monumento seja religado, há a necessidade de esvaziá-lo para que o serviço tenha continuidade e as bombas voltem a operar. A previsão é que a parte elétrica e hidráulica do monumento seja restabelecida ainda no primeiro semestre de 2019.”