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Exposição inaugurada hoje na Biblioteca Nacional abre as comemorações pela data histórica

divulgação -
Vista panorâmica da Quinta da Boavista, em São Cristóvão, na Zona Norte, a partir do Palácio do Imperador, sede do Museu Nacional destruída este ano por um grande incêndio
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Em 27 de novembro de 1807, a Rainha Dona Maria I, seu filho, o Príncipe Regente D. João, acompanhados da família real, embarcavam no cais de Belém, em Lisboa, para a América portuguesa, em estratégica fuga dos exércitos de Napoleão. Começava a diáspora da corte lusa com milhares de pessoas, a gênese da construção do Reino do Brasil.

É este o período abordado na exposição que abre o caminho para as comemorações pelos 200 anos de independência, inaugurada hoje para convidados na Biblioteca Nacional.

Fica para trás uma Europa conflagrada, enquanto D. João passa a reinar na cidade do Rio de Janeiro, transformada na cabeça do Império Ultramarino. A primeira grande transformação é a abertura dos portos às nações amigas. Artistas, viajantes e naturalistas foram autorizados a conhecer e a registrar a paisagem tropical. Em 10 transformadores anos, foram fundados o Banco do Brasil, a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a Biblioteca Real, atual Biblioteca Nacional, as academias Real dos Guardas Marinhas e Real Militar, e a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.

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Vista panorâmica da Quinta da Boavista, em São Cristóvão, na Zona Norte, a partir do Palácio do Imperador, sede do Museu Nacional destruída este ano por um grande incêndio (Foto: divulgação)

A chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, futura capital do Reino , em 8 de março de 1808, ocorreu, contudo, sem qualquer registro visual. Não havia artistas capazes de pintá-la, uma ausência de história que só seria compensada com a chegada da chamada Missão Francesa , oito anos depois.

A exposição acontece em dois espaços: no primeiro, uma instalação multimídia de Marcello Dantas no hall do segundo andar marca o momento histórico sob o ponto de vista do legado humano e natural do Brasil naquele momento.É ali que são mostradas imagens de Wied Neuwied e Alexandre Rodrigues Ferreira, do acervo da Biblioteca Nacional, animadas com técnicas de computação gráfica. As imagens são impressas e projetadas em quatro painéis de fitas de 13 metros de altura, que saem do parapeito do quinto andar do prédio.

“Dividimos o espaço em quatro planos feitos de fitas que desenlaçam e revelam fragmentos. Em dois lados, a paisagem: uma referência de Wied Neuwied ao finado Rio Doce, que nos coube destruir, mas que nos deixou uma imagem gloriosa da natureza que ali ecoava. A outra imagem é o Rio Grande de Belmonte, mais conhecido como Rio Jequitinhonha. Em fitas de imagens, cabe à nossa imaginação juntar as partes desses rios que nos fertilizaram para chegar onde estamos”, explica Marcello Dantas.

Já na galeria Eliseu Visconti, no primeiro pavimento da biblioteca, são expostas obras originais, ampliações e projeções de imagens raras do Brasil de D. João VI, também do acervo da Biblioteca Nacional. A primeira parte da exposição mostra aquilo que era proibido aos olhos estrangeiros. O Conde-Príncipe João Maurício de Nassau-Siegen, quando governou o Brasil-Holandês (1637-1644,) foi responsável pela única janela aberta sobre o Brasil pelos artistas profissionais, naturalistas e cartógrafos que trouxe da Holanda. O Brasil holandês foi então documentado e pintado por geógrafos e artistas daquele país.

O segundo módulo se volta à construção de uma utopia. Em 10 anos, D. João ambicionava criar uma nova capital no Rio. Enquanto isso, os artistas franceses, sobretudo Hyppolite Taunay e Jean Baptiste Debret, disputavam o cargo de pintor do rei, o que pode ser conferido na Varanda da Aclamação, erguida no Convento do Carmo para a aclamação de D. João. O período abordado é considerado por historiadores como aquele que prenuncia a independência do Brasil.