ASSINE
search button

RioZoo vai virar bioparque

950 animais ganharão amplas áreas, semelhantes a seus habitats naturais. O público vai circular em passarelas e túneis de acrílico após fim da reforma, no verão de 2020

Divulgação -
A biosfera que simula a savana africana, com girafas, zebras e gnus, a passarela e o rio, de onde o público poderá observar os animais
Compartilhar

As girafas vão voltar ao RioZoo, que terá ainda gnus, animal de grande porte entre o boi e o cavalo, que ocupará a área de 6 mil m² logo na entrada da instituição – onde havia o Parque dos Cervos, que passou a Passarela da Fauna. Ali, será simulado um ambiente de savana africana, também com zebras e girafas provenientes da África do Sul. Essa será uma das principais atrações do zoológico carioca, que passará a funcionar a partir do conceito de bioparque, onde a prioridade absoluta é o bem-estar dos animais, que trocarão as jaulas e pequenos ambientes onde viviam confinados, por amplas áreas mais próxima a seu habitat natural. “Haverá uma passarela suspensa para observação que levará as crianças à loucura. Também será oferecido, por um preço opcional, um passeio de barco pelo riozinho de 400 m que passa por ali, de onde também será possível observar os animais”, explica o diretor mineiro Fernando Duarte Menezes, engenheiro de 36 anos, há dez anos no Rio de Janeiro.

Macaque in the trees
A biosfera que simula a savana africana, com girafas, zebras e gnus, a passarela e o rio, de onde o público poderá observar os animais (Foto: Divulgação)

Um dos pilares desse novo conceito, que incluirá seis grandes biosferas, entre elas, a Floresta Tropical, é o enclausuramento inverso, onde, ao invés das ruas largas para os visitantes e animais restritos a pequenos espaços limitados por grades, ocorrerá o contrário: visitantes em espaços mais restritos e animais em áreas extensas. As grades acabam. O leão, por exemplo, passará a viver em uma área de 3 a 4 mil m². A separação dos visitantes será feita por túneis de acrílico transparente, fossos e barreiras naturais como árvores, lagos e poços. “Eles viviam em áreas de 100 m², como se fosse um apartamento, passarão a espaços muito maiores e poderão se sentir mais ambientados à natureza. Nossa preocupação genuína é com o bem-estar dos animais”, sublinha Menezes. Os elefantes ficarão em lagos transparentes e poderão ser observados das margens ao redor.

Trata-se de um modelo pioneiro no país, que segue a nova tendência de zoológicos de nível internacional já existente em capitais como Berlim, Atlanta, Praga e Lisboa, que também já adotaram o conceito de bioparque. Para viabilizar o projeto, orçado em R$ 70 milhões e previsto para entrar em funcionamento em janeiro de 2020, a metade do espaço físico do RioZoo está fechada para a execução das obras, o que limita os dias de visitação às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados. No restante da semana, a reforma segue a todo o vapor. “Se as obras precisarem de ajustes os prazos serão ampliados, sempre com foco no bem-estar dos animais”, completa Menezes.

Um canteiro de 3 mil m² vai abrigar cerca de mil aves de espécies da Mata Atlântica, Pantanal e Pcitacídios na Biosfera das Aves. Já a adoção de animais vai sair de cena e entrarão ações mais comerciais, voltadas à educação, pesquisa e conservação. “A ideia é nos aproximarmos de ONGs e entidades que lidam com animais em extinção, como ocorre nos zoológicos internacionais que seguem este mesmo conceito. Já fechamos intercâmbios com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a Universidade Rural, que desenvolvem pesquisas com animais em extinção”, diz o diretor.

Por enquanto, o projeto prevê serviços semelhantes aos existentes no AquaRio que, assim como o RioZoo, também é administrado pelo Cataratas, grupo de empresários paranaenses que começou a atuar com construção civil, em 1999, quando passou a administrar o Parque Nacional de Iguaçu. Em 2014, associou-se ao Fundo de Investimentos Advent International, no Brasil há mais de 20 anos, com investidores de todo o mundo. Para as grandes reformas do RioZoo, o grupo conseguiu financiamento de R$ 51,3 milhões do BNDES, o saldo restante será coberto pelo capital do próprio Cataratas. Haverá uma loja de souvenirs climatizada, bem como lanches rápidos, com quiosques oferecendo de cachorro-quente, pizzas a sorvetes. “Também estamos em contato com hamburguerias e marcas de comida italiana, que poderão abrir um leque de oportunidades à instituição”, acrescenta.

Outra ideia é montar um circuito, incialmente entre o RioZoo, AquaRio e o Centro de Visitantes Paineiras, próximo ao Cristo Redentor, que também pertence ao Grupo Cataratas. “Por um preço mais acessível, o visitante poderia pagar três ingressos para visitar os três lugares. Já teríamos força para dar início a esse tipo de iniciativa sozinhos, como existe no resto do mundo. Poderíamos atrair ainda outros interessados, como o Museu do Amanhã e o Pão de Açucar”, cita. Em relação à visitação do futuro RioZoo, a expectativa é atingir um patamar semelhante à do AquaRio, que recebeu 1 milhão 300 mil visitantes em 2017. Em igual período, o zoológico recebeu a metade desse número: 700 mil visitantes.

E ainda é um pouco cedo para se falar em ícones, como foi o Macaco Tião, que chegou a entrar em listas informais de candidatos a cargos públicos no Estado e no município. Por enquanto, continua a reinar Paulinho, sucessor de Tião, com 35 anos, um dos três chipanzés do RioZoo, com temperamento mais extrovertido que o de seus pares, Yoko, de 40 anos e o reservado Pipo, de 45. Outra estrela em ascensão é o urso pardo Zé Colmeia, que foi de circo e chegou ao zoológico em 2007 bastante depauperado. Contudo, depois de se submeter a tratamento, recuperou a pelagem, abandonou o comportamento repetitivo e está totalmente recuperado clinicamente, pronto para brilhar neste novo cenário que se anuncia.