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Cemitério São João Batista vai ganhar crematório, novos jazigos e visitas guiadas por historiadoras

Marcos Tristão -
Um protótipo das futuras gavetas sustentáveis
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A Zona Sul vai ganhar seu primeiro crematório. Esta será apenas uma das etapas da grande recauchutagem pela qual vai passar o Cemitério São João Batista, em Botafogo, capitaneada pela Concessionária Rio Pax, que administra o espaço de 225 mil m², com custos estimados em mais de R$ 40 milhões. Para os que decidem por este tipo de destino final as alternativas existentes hoje na cidade ficam no cemitério do Catumbi, no Centro, na Ordem do Carmo e São Francisco Xavier, ambos no Cemitério do Caju, na Zona Norte, a um custo tabelado pela prefeitura de R$ 2.108 mil. Hoje não é mais necessário a pessoa deixar documentos com a decisão, o pedido pode ser feito por parentes próximos.

A menina dos olhos do presidente da Rio Pax, Geraldo Monge, porém, é reintroduzir as visitas guiadas no espaço que ajuda a contar a história da cidade, como em capitais a exemplo de Paris, no Père-Lachaise, e em Buenos Aires, no Recoleta. “Este cemitério é repleto de obras de arte, assim como de artistas e pessoas ilustres que atraem a atenção sobretudo de turistas estrangeiros, que valorizam este tipo de visita”, diz Monge.

Entre os mais antigos cemitérios do Rio de Janeiro, o São João Batista foi fundado em 1852 pelo imperador Pedro II. Além das esculturas de mármore ou granito que adornam os túmulos, com estilos do barroco ao art déco entre seus 40 mil jazigos e 300 mausoléus, estão enterradas ali personalidades como Santos Dumont, Carmem Miranda, Oscar Niemeyer, Tom Jobim, Cecília Meireles, Ary Barroso, Luis Carlos Prestes, Clara Nunes e Cazuza. As visitas, serão conduzidas por historiadoras, “como num túnel do tempo”, completa Daniela.

Com gradis da entrada principal assinados pelo arquiteto Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, o São João Batista está entre os mais ricos cemitérios do país. Inclui uma capela dedicada ao santo que lhe deu o nome, além de criptas da Academia Brasileira de Letras, dos soldados mortos durante a Primeira Guerra Mundial, e dos veteranos da Força Expedicionária Brasileira. A aleia principal, de São João Batista também é chamada de “Vieira Souto”, em alusão à luxuosa avenida à beira da Praia de Ipanema, na Zona Sul.

Novo complexo

A pedra fundamental do novo complexo que será criado até o primeiro semestre de 2020, vai ser lançada amanhã, pela parceria já iniciada há quatro anos entre a Rio Pax e a Coordenadoria Geral de Controle de Cemitérios e Serviços Funerários da Cidade do Rio de Janeiro. O projeto prevê um Cemitério Vertical com seis torres, que alojarão os três mil novos jazigos de materiais recicláveis como garrafas pet, bagaço de cana e fibra de coco.

O São João Batista está entre os 13 cemitérios públicos da cidade sob o controle e fiscalização do município, e será o primeiro a passar por este tipo de modernizações. O sistema de sepultamento passará a ser automatizado e também estão previstas a construção de novas capelas e salas para velórios, com um columbário para guardar as urnas com as cinzas. Os dois fornos do crematório foram adquiridos da empresa norte-americana Matthews Cremation.

Serão disponibilizadas nas torres do cemitério vertical áreas abertas de repouso, com vista para o Cristo Redentor. “Uma das grvantagens deste modelo de jazigos sobrepostos e pré-moldados é a eliminação dos canteiros de obras, com menos riscos e resíduos. É uma tecnologia limpa em seu processo de implantação, com até 300 anos de duração”, diz Daniela Mantovanelli, coordenadora-geral de controle de serviços funerários do Rio de Janeiro. As novas gavetas serão revestidas por material sustentável e poderão ser observadas no showroom do cemitério antes de serem adquiridas pelos interessados.