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Marcelo Piloto foi grampeado pela PF

Troca de mensagens do traficante revela esquema da quadrilha

Christian Rizzi/AFP -
Marcelo Piloto foi extraditado pelo Paraguai na semana passada e já cumpre pena no Presídio de Catanduvas (PR)
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O dinheiro que a quadrilha de Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto – expulso na semana passada do Paraguai – arrecadava com a venda de drogas no Rio de Janeiro era depositado em contas bancárias próximas à comunidades onde o grupo atuava no Paraguai. Depois, os valores eram sacados nas cidades brasileiras perto da fronteira com o país sul-americano, como Cascavel (PR), Ponta Porã e Dourados (MTS).

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Marcelo Piloto foi extraditado pelo Paraguai na semana passada e já cumpre pena no Presídio de Catanduvas (PR) (Foto: Christian Rizzi/AFP)

Descobertas como essa só foram possíveis depois que o traficante começou a ser gravado pela Polícia Federal (PF), como revelou o Jornal Extra. Tudo teve início em 28 de abril de 2015, quando o Disque Denúncia aumentou de R$ 2 mil para R$ 10 mil a recompensa que levasse à localização do narcotraficante, um dos maiores fornecedores de armas à organização criminosa Comando Vermelho.

Ao saber da notícia Piloto, que na época já vivia no Paraguai, ainda ridicularizou as autoridades em mensagem enviada por celular a um membro da quadrilha. “Esses caras me amam, não me esquecem. Mas tranquilo, já tô acostumado”. Só que o que ele não sabia é que a conversa travada pelo Blackberry Messeger começava a ser acompanhada pela PF. A partir daí, nos cinco meses consecutivos, as atividades de Marcelo Piloto passaram a ser monitoradas pelos policiais brasileiros em tempo real. Este foi o ponto de partida para a descoberta da complexa rede de depósitos bancários para que o pagamento de seus cúmplices chegasse às suas mãos.

Foi assim que a PF descobriu que Piloto havia emprestado uma metralhadora antiaérea para um traficante do Rio. A mortífera metralhadora, calibre 50, foi mencionada entre Piloto e seu homem de confiança no Rio, Vladimir Queiroz, o Barney, e o chefe do tráfico no Chapadão, Ricardo de Castro Lima, o Fu. No diálogo entre os dois cúmplices, Barney disse a Fu que Piloto mandava perguntar como seria feito o pagamento pela arma. “Com muita dificuldade para começar a pagar, os ‘canas’ tá sufocando a semana toda””, responde Fu.

A conversa é relatada por Barney a Piloto, que reage: “Ele tá usando, né? Você me disse que onde ele vai ele leva com ele”. Barney confirma. Compreensivo ou então ardiloso para garantir seu faturamento, Piloto diz que Fu pode ficar com a metralhadora. “Tenho certeza que vai melhorar”, acrescentou. Em agosto de 2015, Fu foi preso com a arma no Complexo do Chapadão, na primeira apreensão deste tipo de armamento já feito pelos policiais brasileiros.

Quem cuidava da contabilidade do grupo criminoso era Leonardo Teixeira Cupollilo, o Botafogo, importante membro da quadrilha que recebia, armazenava e distribuía as armas e drogas enviadas a Pioto. Ele mantinha o chefe informado não apenas sobre os lucros da quadrilha, como o valor dos depósitos feitos nas contas laranjas.

A contabilidade do grupo ficava a cargo de Leonardo Teixeira Cupollilo, o Botafogo, um dos principais comparsas de Piloto. O criminoso mantinha o chefe do grupo atualizado sobre os lucros da quadrilha e ainda os valores depositados em contas de laranjas. Botafogo também era responsável pelo recebimento, armazenamento e distribuição de armas e drogas que eram enviadas a Piloto.

Um ano depois, com a morte de um traficante que comprara três fuzis do bando, Piloto pediu a Botafogo que ele fosse ao Paraguai para que eles pudessem reformular os métodos da quadrilha. “Compra a sua passagem para sábado. Quero mudar algumas coisas”, escreveu o chefe a Botafogo, em mais uma das mensagens monitoradas pela PF.